Cartas ao director

Empregos que ninguém quer

Soubemos há uns dias pelos órgãos de comunicação social da existência de vagas para empregos que ninguém quer, o que nos faz pensar na quantidade de eventuais razões que poderão estar por detrás das recusas em ocupar estas vagas no mercado de trabalho, e em que somos levados a pensar que talvez em muitos casos só não há trabalho para quem não quer trabalhar.

Quando os cidadãos emigram para um qualquer país é porque no exterior o seu trabalho é valorizado, contrariamente ao que acontece em Portugal, onde a politica de baixos salários e por vezes as fracas condições laborais não motivam muito as pessoas para determinadas funções, podendo ser este um factor de desmotivação das pessoas, aliando também ao facto de aqueles que procuram trabalho precisarem também de ter estabilidade, o que em muitos casos não é garantida.

Poderíamos pensar que o facto de alguém estudar com determinados objectivos, e não conseguir colocação profissional no imediato, acaba por ser uma frustração, recusando outro tipo de empregos ou então ficará dependente do sustento de familiares, vivendo nalguns casos da subsidiodependência, na esperança de uma oportunidade que tarda, e onde muitas vezes, o comodismo avaliza a desculpa de não haver trabalho.

Américo Lourenço, Sines

Minho unido contra as minas

Mais de meia centena de freguesias está na mira das empresas de mineração que se propõem esburacar o Minho e transformá-lo num autêntico queijo suíço. Acham os governantes que os minhotos e as minhotas são destituídos de faculdades intelectuais e não sabem aquilo que querem para a sua terra? Estão redondamente enganados. Têm sido realizados, nos últimos anos, vários investimentos no sentido de valorizar os nossos recursos, de qualificar o nosso património, de defender a identidade desta região que é única pela sua diversidade paisagística, os seus valores histórico-culturais e as suas tradições, pelas pessoas que nela habitam. Não poderemos retroceder e fazer o caminho inverso, deitando borda fora as apostas já feitas, a qualidade de vida que conquistámos e um território que tem vindo a ser qualificado e tem adquirido uma atractividade cada vez maior em termos turísticos. O que nos propõem é, ao invés de um turismo cultural e de natureza, um turismo de catástrofe, com visitas às crateras das minas, aos rios e solos contaminados e às povoações fantasmas. Propõem-nos um turismo de catástrofe fomentado por turistas que pretendam visitar os locais onde ocorreu um desastre ambiental.

É, de facto, de um desastre ambiental que se trata quando falamos de extracção de lítio e de outros minerais na Serra d’Arga e zonas adjacentes, a indústria extractivista que, contrariamente, àquilo que nos querem vender, não pertence ao futuro, mas ao passado, um passado que não queremos reeditar. Não existe uma transição energética sustentável quando ela é realizada à custa da destruição das nossas florestas (que são sumidouros de carbono), da perda de biodiversidade, quando contaminamos os recursos hídricos (cada vez mais escassos), quando comprometemos a qualidade do ar e a saúde dos residentes e desprezamos as populações e o seu entorno natural. Estamos perante uma ameaça sem precedentes para o ambiente, o ordenamento do território, o mundo rural e a qualidade de vida das populações do Minho.

José Gualdino Correia, Caminha                  

A vacinação nas crianças

A Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) recomendou a vacina da Pfizer para as crianças com as idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos. No entanto, alguns pediatras dividem-se quantos aos eventuais riscos da administração desta vacina no grupo etário referido, enquanto outros aprovam os benefícios que sobrelevam os eventuais riscos. Curiosamente a distinta Ordem dos Enfermeiros de Portugal pela voz da bastonária Ana Rita Cavaco não recomenda a vacinação das crianças. Não se estará a colocar o carro à frente dos bois quando a bastonária vem, muito solerte e convencida, contraditar a recomendação da EMA, que é o organismo que sopesa os riscos e os benefícios dos medicamentos protegendo e promovendo a saúde humana e animal através da avaliação e do controlo desses mesmos medicamentos?

António Cândido Miguéis, Vila Real

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