Ministra da Saúde preocupada com variante da África do Sul: “Estamos todos muito atentos”

A ministra da Saúde falou ainda das medidas anunciadas pelo Governo e adiantou que ainda não há uma decisão sobre a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos.

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Marta Temido falou esta manhã, à margem da visita ao Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil LUSA/PAULO NOVAIS

A ministra da Saúde afirmou estar preocupada com a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul. “Estamos todos muito atentos às informações que estão a ser partilhadas neste momento. Hoje saíram notícias de uma reunião de peritos sul-africanos com a Organização Mundial de Saúde, uma reunião de avaliação da variante, a sua transmissibilidade e fuga ao sistema protector das vacinas. Acompanhamos com muita preocupação”, disse Marta Temido, em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira.

A ministra da Saúde recordou que, em Setembro, na reunião do Infarmed os peritos portugueses avisaram que o pior cenário podia tornar-se complexo se surgissem variantes que escapassem à protecção das vacinas. “Vamos acompanhar”, concluiu.

Esta sexta-feira, vários países proibiram a entrada de viajantes provenientes da África do Sul, a par de outros países da África Austral, como Moçambiquecomo medida de precaução devido à nova variante. Israel, Alemanha, Singapura, Áustria, Itália e Japão seguiram os passos do Reino Unido, impondo proibições de viagem e restrições de voo provenientes e com destino à África do Sul e alguns países da região, incluindo Botsuana, Eswatini (antiga Suazilândia), Lesoto, Moçambique, Namíbia ou Zimbabué. A variante B.1.1.529 tem um número “extremamente elevado” de mutações, de acordo com cientistas sul-africanos que já tinham detectado a variante Beta.

Ao final desta manhã, também Bruxelas avançou com a recomendação de suspensão de viagens dos países onde a nova variante já foi registada. A recomendação não é vinculativa e as decisões sobre o que fazer com os viajantes que chegam dos países afectados cabe a cada um dos Estados-membros. 

A África do Sul, que teme uma nova vaga da pandemia até ao final do ano, é oficialmente o país mais afectado pela pandemia do continente africano, com mais de 2,9 milhões de casos e mais de 89.600 mortes.

Medidas anunciadas são “proporcionais”, diz Temido

A ministra comentou também as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro na quinta-feira, e classificou as decisões como “proporcionais à fase em que estamos”. Se por um lado a taxa de vacinação “dá tranquilidade relativa face àquilo que é a doença grave e até as consequências fatais da doença”, por outro a “percepção de que nós estamos integrados num contexto em que em toda a Europa a incidência e a transmissão estão a aumentar e há variantes de preocupação a surgir em alguns pontos do globo”, distinguiu Marta Temido.

“Nós vamos passar por uma fase em que está quase tudo contra nós: o frio, a questão de maior transmissibilidade em ambientes que não são tão arejados quanto deviam ser, e as festas da quadra natalícia. São três elementos de enorme preocupação”, reforçou a ministra. “Vale a pena recordar que a cada 15 dias estamos a duplicar casos”, acrescentou.

Nas palavras de Marta Temido, o Governo escolheu "medidas que, afectando o menos possível a vida e a normalidade de todos, pudessem ter o efeito pretendido de aumento da percepção do risco, incentivo às medidas não farmacológicas de controlo da transmissão e algumas medidas adicionais relativas a viagens e disponibilidade de meios, que são essenciais também”. Quanto à eventual vacinação de crianças dos cinco aos 11 anos em Portugal, a ministra da Saúde respondeu que a comissão técnica de vacinação está a trabalhar, mas ainda não se pronunciou. “Não tenho informação que já tenham concluído”, disse.

Em resposta às críticas ao processo de gestão da actual fase de vacinação e à gestão do ministério que tutela, Marta Temido respondeu apenas: “Tenho uma enorme consideração por aquilo que temos feito com as Forças Armadas, pelo trabalho feito pelo vice-almirante Gouveia e Melo e também pelo que está a ser feito pelo coronel Penha Gonçalves”. com Inês Chaíça e Lusa

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