Candidato próximo do Chega vai liderar sindicato dos pilotos

Os pilotos escolheram Tiago Faria Lopes para liderar o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). Comandante da TAP, foi recentemente eleito membro da assembleia de freguesia de S. Domingos de Rana pela lista do Chega nas últimas eleições autárquicas.

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Pilotos escolheram nova direcção para o sindicato Nuno Ferreira Santos

Tiago Faria Lopes vai ser o próximo presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), tendo ganho as eleições esta sexta-feira com 53% dos votos. Comandante de médio curso da TAP, de 44 anos, o principal rosto da lista F tem uma experiência política recente, tendo sido eleito membro da assembleia de freguesia de S. Domingos de Rana (Concelho de Cascais) como candidato do Chega nas últimas eleições autárquicas.

O outro concorrente, David Paes, também comandante de médio curso da TAP e que liderou o SPAC entre 2015 e 2017, arrecadou, segundo uma fonte ligada ao processo eleitoral, 40% dos votos. Os restantes foram boletins inválidos.

Esta foi a primeira vez na história do sindicato, formado em 1976 e que se apresenta como “o primeiro sindicato independente do país”, em que o voto foi feito através de processo electrónico.

Os resultados foram apurados numa segunda volta, já que no primeiro acto eleitoral nenhum dos concorrentes conseguiu ficar com mais de metade dos votos, conforme está estipulado nos estatutos do sindicato. Nessa altura eram três candidatos, tendo a lista de António Costa Ramalho (lista R) ficado em último lugar. A lista de Tiago Faria Lopes já tinha liderado, com 41% dos votos, cabendo 31% à lista de David Paes e 28% à lista de António Costa Ramalho, pelo que passaram os dois mais votados à segunda volta.

Conforme noticiou o PÚBLICO, as eleições foram convocadas na sequência da demissão da direcção presidida por Alfredo Mendonça, anunciada em Agosto. Na altura, a direcção justificou a decisão com a inclusão de um eventual recurso à greve nos temas da agenda que poderiam ser deliberados numa assembleia de empresa que estava prestes a realizar-se (e que acabou suspensa).

Em Abril, poucos meses antes de ter apresentado a demissão, Alfredo Mendonça já tinha resistido a uma moção de destituição que tinha sido apresentada por um conjunto de associados.

Houve vários pilotos associados do SPAC  - muito ligado à TAP - que não se reviram na forma como a direcção do sindicato lidou com a administração da companhia aérea e com o Governo socialista no processo de reestruturação da empresa devido à crise pandémica, que implica, entre outros aspectos, o corte de salários e de postos de trabalho.

No âmbito do acordo de emergência que foi assinado entre o sindicato e a TAP, estipulou-se uma redução salarial de 50% este ano, que passa depois para 45% em 2022, 40% em 2023 e 35% em 2024. Em troca, foram protegidos vários postos de trabalho mas tal não evitou rescisões amigáveis, reformas antecipadas e até um despedimento colectivo, além do fim de muitos contratos a prazo.

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