Marta Temido diz que é preciso contratar médicos mais resilientes para o SNS

Marta Temido diz que uma das formas de superar as falhas do SNS passa por contratar médicos mais resilientes. Sindicato considera declarações da ministra uma “imperdoável ofensa” e Ordem dos Médicos pede mesmo que a governante se “retrate” questionado se pretende implementar “escravatura”.

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Declarações de Marta Temido geram contestação por parte dos sindicatos LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, esta quarta-feira, na Assembleia da República, que uma das soluções para colmatar a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) passa por contratar profissionais mais resilientes. Sindicatos contestam declarações de Marta Temido e dizem que ministra passou linha vermelha. 

Marta Temido, que respondia a perguntas dos deputados durante uma audição da Comissão Parlamentar de Saúde sobre as “Dificuldades que o Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) está a enfrentar”, requerida pelo PCP, disse que a “resiliência” deve ser um factor a ter em conta na contratação de profissionais de saúde. Trata-se, por ventura, de um elemento tão importante “como a competência técnica”.

Em Portugal, de acordo com CNN Portugal, mais de 400 médicos abandonaram os hospitais públicos desde o início de Maio, data em que terminou a proibição de sair que foi imposta durante o período de estado de emergência.

Na audição, a ministra deixou também um reparo aos médicos que têm denunciado a falta de condições no CHS, lembrando que “a melhor forma de atrair recursos humanos é conquistá-los para projectos de trabalho e não passar uma imagem, ou intensificar uma imagem, de que a instituição vive enormes dificuldades e num clima de confronto”.

Em comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos diz que as declarações de Marta Temido “mais do que ultrapassaram qualquer linha vermelha que pudesse ter sido traçada”. “Afirmar que têm de ser contratados médicos mais resilientes é uma imperdoável ofensa que os médicos portugueses, exaustos por centenas de horas extraordinárias (já agora, sendo obrigatórias... em exemplo não reproduzível em toda a administração pública), não mais perdoarão e esquecerão”, pode ler-se no comunicado. 

Também Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, pediu que a ministra se retrate imediatamente. "Dá ideia que os médicos não têm sido resilientes. Vamos ver os milhões de horas extraordinárias que os médicos fazem? A senhora ministra pretende implementar em Portugal uma escravatura dos médicos?”, questionou citado pela SIC.

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