Rangel critica Rio por querer “cair nos braços” de Costa, “o homem-milagre”

Líder da distrital de Lisboa assume apoio ao eurodeputado nas directas em encontro com militantes em Lisboa

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Paulo Rangel ironizou com a acusação de não estar preparado para primeiro-ministro LUSA/RODRIGO ANTUNES

A três dias do fim da campanha para as directas no PSD, Paulo Rangel encheu uma sala de hotel em Lisboa com mais de 300 militantes – entre os quais algumas figuras do passismo – para atirar sobretudo a António Costa mas também com alguns recados para Rui Rio. O mais forte – e que recebeu aplausos mais intensos -  foi para criticar a falta de uma “oposição firme” ao PS e a abertura do seu adversário para “cair nos braços” do actual primeiro-ministro, uma “espécie de homem-milagre”.  

A sessão começou com um impulso interno. O líder da distrital de Lisboa, Ângelo Pereira, assumiu publicamente, pela primeira vez, o seu apoio a Paulo Rangel por considerar que é o candidato que “melhor representa” uma “alternativa ao PS” e que “fecha definitivamente a porta a blocos centrais ou a pântanos”. O discurso encaixa na intervenção que Paulo Rangel faria a seguir. Insiste em pedir uma “maioria” para governar – de “preferência uma maioria absoluta” e assume-se como “alternativa ao PS” com um “projecto reformista”.

Vestindo o fato de líder de oposição, Rangel critica a governação socialista dos últimos anos e foca-se no primeiro-ministro, lembrando que ele “anda na política há 40 anos, e é ministro há 25”. “Foi ele quem passou todas as linhas vermelhas, aqui eram mesmo vermelhas com partidos radicais, foi ele que não quis nunca fazer qualquer ponte com o PSD, muito pelo contrário. Como é que pode agora aparecer como uma espécie de homem milagre disponível para governar com o PSD e nós temos um PSD que diz que é capaz de lhe cair nos braços depois destes anos todos?”, questionou. Já antes tinha ironizado com a acusação, lançada por Rui Rio, de que não está preparado para ser primeiro-ministro. “O que eu não estou é preparado para ser vice-primeiro-ministro de um Governo PS”, afirmou.

Rejeitando a ideia de um PSD como um “suplemento ou complemento” do PS, o candidato à liderança do PSD condenou a eliminação dos debates quinzenais – acordada entre Rui Rio e o PS – e a incapacidade de fazer “uma oposição forte, firme, vigorosa, credível e responsável”. Rangel defendeu que “por cada crítica”, o PSD terá de apresentar uma solução. “Mas isso não é motivo para não criticarmos, não darmos visibilidade à denúncia dos erros cometidos pelo PS sobretudo desde 2019”, afirmou, ouvindo-se alguns “muito bem” na sala.

Num discurso muito virado para as críticas à governação socialista, Rangel acusou António Costa de ter apenas o objectivo de “garantir mais um orçamento, debaixo de um padrão do controlo da sociedade, de colocar as pessoas no sítio certo, de criar a ideia que se dominava a comunicação social, e de fazer bullying ao poder judicial”. Sem esquecer a elevada carga fiscal e a “degradação” dos serviços públicos, Rangel dramatizou sobre o sentimento do país em torno da governação socialista: “O Governo Costa conseguiu anestesiar o país e criar a sensação de não haver horizonte para onde sair. As pessoas não vêem uma luz ao fundo do túnel”.

Além de Conceição Monteiro, número dois do PSD, sentaram-se na primeira fila ex-vice-presidentes de Passos Coelho como Teresa Morais e José Matos Correia, o antigo líder Rui Machete, o ex-secretário-geral José Matos Rosa e o antigo ministro barrosista José Luís Arnaut, além dos actuais deputados Carlos Silva e Sandra Pereira.

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