Cartas ao director

O que fazer com as seringas?

A minha filha fez recentemente um tratamento injectável em que acumulou seringas. Dirigi-me à farmácia, mas verifiquei que não recebem seringas usadas de um consumidor comum, e apenas recebem seringas usadas ao abrigo de um programa especialmente dirigido às pessoas que utilizam drogas injectáveis. Foi-me sugerido ir ao centro de saúde, onde “possivelmente” as poderiam receber ou ter alguma indicação do procedimento a seguir. Por via telefónica, a informação que recebi foi um “não faço a mais pequena ideia”. À pergunta “então onde poderei dirigir-me?”, sugeriram-me um veterinário ou uma associação de solidariedade social. Após uma rápida pesquisa na Internet tive a confirmação que esta é uma realidade ainda hoje em Portugal: as seringas usadas por doentes diabéticos ou outros tratamentos injectáveis acabam no lixo comum e não têm tratamento próprio. O problema é conhecido pelo governo e pelas entidades responsáveis que aparentemente não o consideram merecedor de atenção.

Maria Martins, Algés

O PSD e a sua grande incógnita

Contagem decrescente para as eleições internas no PSD, que ditarão quem será o futuro líder e candidato nas eleições legislativas de 30 de Janeiro em aberta disputa com o líder do PS e actual primeiro-ministro. Os dois candidatos, que se apresentam, correspondem a duas formas bem diferentes de entender o PSD: desde um centro por onde paira Rui Rio até uma direita mais musculada, aparentemente anti-PS no diálogo, de quem Paulo Rangel pretende ser o maestro. Desde já muita retórica escondida e propostas aparentemente sem chama, nada de muito diferente na acção em termos substantivos. Se o discurso de Paulo Rangel é dado como colhendo mais junto do aparelho, o de Rui Rio pretende ir mais ao encontro do militante anónimo, não envolvido em grupos, e de quem possa resultar um voto mais voltado a estratégias mais moderadas e não de combate às cegas. Que resultado para estas eleições, independentemente dos candidatos, na postura do PSD na vida pública e política? Até agora sente-se um partido bastante ferido. Resta saber se ganhará estímulo, dependendo de quem vença as internas, e transforme essas feridas, ou fraquezas, em forças para as eleições de Janeiro, ou acabará enfraquecido ao ponto de requerer cuidados intensivos. Eis a grande incógnita!

Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha

Presidente da República e Rendeiro

Curioso ver o Presidente da República Portuguesa, o garante disto tudo, responder a uma pergunta de jornalista, perorando sobre as condições que um fugitivo à justiça exige ver cumpridas para voltar à pátria amada. O sr. Presidente, mais uma vez não se conteve, não conseguiu evitar, tinha de dizer alguma coisa e, mesmo parecendo usar de ironia, respondeu a um criminoso foragido. O mais alto magistrado da nação, explicou que, neste caso, passaram prazos para indulto, que vá para a bicha. Talvez para o ano caríssimo (para alguns) sr. Rendeiro. Boa malha sr. Presidente. Falou, está falado, devia estar calado.

Fernando Cardoso, Algés 

Rendeiro na CNN Portugal

Ao longo da história da Humanidade, a figura do ladrão corajoso, hábil e sobretudo justo foi sempre muito apreciada, contada de geração em geração e até a literatura lhe garantiu um lugar no devir. Muitos de nós releram os sucessos do Robin dos Bosques, Aplaudiram e riram com os golpes de Arsène Lupin e voltaram a sonhar deslumbrados com as aventuras do ladrão de Bagdad. Aventura, coragem, justiça e solidariedade sempre povoaram o pensamento e desejo da maioria de nós. 

Vem isto a propósito do novo formato noticioso inaugurado anteontem pela TVI agora de braço dado com a poderosa CNN e do procurado festejo com que justificadamente pretendeu assinalar o facto, onde nem o Presidente da República faltou. 

Não sei o que virão dizer os críticos de serviço mas não nos parece ter sido oportuno nem correcto trazer a um palco como este agora inaugurado a figura de João Rendeiro, um banqueiro desonesto em fuga à justiça, exclamando basófias e sem pejo nem senso a reclamar indultos presidenciais. Não contente com a justiça nacional, Rendeiro vai agora recorrer a tribunais estrangeiros e pedir uma indemnização ao Estado. Não se trata duma bofetada mas antes de uma cuspidela nos tribunais. Triste e lamentável episódio.

José Manuel Pavão, Porto

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