Apple vai processar Grupo NSO por causa de software de espionagem

Empresa israelita desenvolveu e difundiu programa que permite aceder a dados de telemóveis e gravar conversas. Foi usado contra jornalistas e políticos.

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O Grupo NSO desenvolveu um programa de espionagem em grande escala AMIR COHEN / Reuters

A tecnológica Apple vai processar a empresa israelita NSO por causa do escândalo de espionagem que envolve o Pegasus, um software de espionagem que tem como alvos telemóveis, incluindo os modelos vendidos pela gigante norte-americana.

A Apple diz que quer responsabilizar o Grupo NSO e a empresa-mãe OSY Technologies “pela vigilância e por visar os utilizadores” de produtos por si desenvolvidos. “Para impedir mais abusos e danos para os seus utilizadores, a Apple também vai pedir uma providência permanente para proibir o Grupo NSO de usar qualquer software, serviço ou aparelho da Apple”, acrescentou a empresa norte-americana, num comunicado citado pela BBC.

A gigante tecnológica diz que foram criadas credenciais para mais de cem utilizadores falsos com o objectivo de espiar outros utilizadores. A Apple já tinha desenvolvido actualizações próprias para proteger os seus aparelhos, mas diz que a NSO está “constantemente a actualizar o seu malware [software malicioso] e formas de explorar as actualizações de segurança”.

A empresa israelita respondeu ao processo aberto contra si defendendo os méritos dos seus programas de espionagem. “Milhares de vidas foram salvas em todo o mundo graças às tecnologias do Grupo NSO que foram usadas pelos seus clientes”, declarou a empresa.

Apesar de a NSO insistir que o programa de vigilância se destina apenas a vigiar suspeitos de terrorismo, o software Pegasus foi encontrado em telemóveis de jornalistas e políticos de vários países.

O programa foi detectado tanto em iPhones como em telemóveis com o sistema Android e permite a extracção de mensagens, fotografias e e-mails, activar microfones e câmaras e gravar chamadas. A empresa israelita diz que apenas trabalhou com governos com um historial sólido de “respeito pelos direitos humanos”.

Este mês, a Administração norte-americana pôs a NSO numa lista negra comercial, acusando-a de ter “permitido a governos estrangeiros levarem a cabo repressão transnacional”.

A acção da NSO foi condenada também por vários outros gigantes tecnológicos, como a Alphabet (proprietária da Google), a Microsoft, e o Facebook (hoje conhecido como Meta).

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