Despesas da ex-mulher de Pinto da Costa seriam pagas pelo empresário Pedro Pinho, suspeita Ministério Público

Apoio à ex-mulher do dirigente portista seria uma contrapartida pelo dinheiro facturado em comissões, acredita o Ministério Público.

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Pinto da Costa e a ex-mulher, Fernanda Miranda Fernando Veludo / NFACTOS

O Ministério Público suspeita que as rendas de casa de Fernanda Miranda, ex-mulher do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, foram pagas durante vários meses pelo empresário Pedro Pinho. Nos mandados das buscas realizadas esta segunda-feira à residência do dirigente, esta seria uma das suspeitas indicadas, noticia a revista Sábado. O apoio do empresário seria, alegadamente, uma contrapartida pelos lucros resultantes das comissões nas transferências de jogadores.

O empresário pagaria as rendas a Fernanda Miranda durante vários meses, com este apoio a ter início após o ponto final do casamento que durou mais de quatro anos. A separação do casal foi oficializada no final de 2016. Ou seja, as suspeitas do Ministério Público apontam para a possibilidade de dinheiro saído do FC Porto ter servido para pagar as despesas da ex-mulher de Pinto da Costa. 

A Sábado escreve ainda que o presidente do FC Porto, em conjunto com o filho, Alexandre Pinto da Costa, e o empresário Pedro Pinho, são suspeitos de terem criado um esquema que permitia a facturação de comissões em negócios de dezenas de jogadores: umas vezes, o valor desta parcela seria empolado, enquanto noutros negócios ocorreria o pagamento sem que o serviço fosse efectivamente prestado. Estão sob investigação, de acordo com a informação tornada pública pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal, mais de 20 milhões de euros em comissões.

Esta segunda-feira, as casas do presidente dos “dragões” e do filho foram alvo de buscas por parte do Ministério Público (MP). Esta operação chegaria também às instalações da SAD “azul e branca” e ao Banco Carregosa, instituição bancária com ligações ao clube. O empresário Pedro Pinho, sócio de Alexandre Pinto da Costa na empresa Energy Soccer que fez negócios com o FC Porto – acusado de ter agredido um repórter de imagem após um jogo do FC Porto –, também foi alvo de buscas. Bruno Macedo, empresário que intermediou a compra dos direitos televisivos pela Altice ao FC Porto por 457,5 milhões de euros, também é um dos suspeitos. O MP suspeita de que tenham sido cometidos crimes de fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento. Não foram constituídos arguidos na sequência das buscas. 

Estão sob a lupa do Ministério Público vários negócios feitos pelos “dragões” desde 2017. A transferência mais sonante foi a de Éder Militão para o Real Madrid: a transferência englobou mais de 9,5 milhões de euros em comissões, cerca de 21,6% dos 90% recebidos pelo passe. Contas feitas, dos 50 milhões que o clube espanhol aceitou pagar pelo defesa brasileiro, a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) portista haveria de declarar no exercício de 2018-19 uma mais-valia efectiva de apenas 28,44 milhões de euros. 

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SAD portista também foi alvo de buscas MIGUEL VIDAL/Reuters

Além da investigação à transferência de vários jogadores, existe também a suspeita de que Alexandre Pinto da Costa terá recebido uma comissão de 2,5 milhões de euros pelo contrato de direitos televisivos assinado entre FC Porto e antiga Portugal Telecom (agora Altice) em Dezembro de 2015. Este dinheiro teria chegado ao filho do dirigente através de Pedro Pinho, que mantinha relações de proximidade pessoal e empresarial com Alexandre. 

Os negócios entre a empresa em que Alexandre Pinto da Costa é sócio e o FC Porto, dirigido pelo pai, foram inicialmente divulgados nas revelações do Football Leaks. Os documentos recolhidos pela plataforma e analisados pelo Expresso mostravam que a Energy Soccer tinha recebido comissões em várias transferências dos “dragões”. A empresa negaria quaisquer irregularidades, mas admitiria ter facturado ao clube 596 mil euros por serviços prestados em transferências.

As buscas desta segunda-feira foram realizadas pela Autoridade Tributária e pela PSP, numa investigação liderada pelo procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal Rosário Teixeira e pelo inspector tributário Paulo Silva. 

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