Rendeiro diz que vai processar Estado Português por atraso na justiça

Ex-banqueiro negou estar no Belize, mas não disse onde se encontrava. Garante estar a viver do seu trabalho como consultor.

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João Rendeiro diz que não está no Belize e que não vai voltar MÁRIO CRUZ

O antigo banqueiro João Rendeiro, que assumiu ter fugido de Portugal em finais de Setembro, afirmou numa entrevista divulgada esta segunda-feira pela CNN Portugal que pretende processar o Estado português num tribunal internacional, por atrasos na justiça. “Um dos meus processos tem mais de 14 anos”, queixa-se Rendeiro, cuja defesa apresentou inúmeros recursos que adiaram o desfecho de vários casos em que está envolvido. 

O ex-banqueiro diz que está iminente a entrada da acção que se presume será interposta no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que já condenou inúmeras vezes o Estado português por atrasos na Justiça e adianta que pedirá uma indemnização na ordem dos 30 milhões de euros, um valor muito distante das habituais compensações decretadas neste tipo de processo, que não costumam ultrapassar alguns milhares de euros.

“Se [a indemnização] for concedida, será doada”, garantiu Rendeiro, que também se queixou da falta de equidade da justiça portuguesa.

O antigo presidente do Banco Privado Português voltou a afirmar que o que motivou a decisão de não regressar a Portugal, onde acabaria por ser preso para cumprir a primeira das três condenações a que já foi sujeito, foi “o direito de resistência perante uma justiça injusta”. Comparando-se com o antigo presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, Rendeiro protestou: “É uma pessoa protegida pelo sistema.”

Questionado sobre um eventual regresso a Portugal, Rendeiro disse não ver “nenhum cenário” onde tal pudesse acontecer, para logo precisar: “Ou não havia uma condenação ou, havendo, teria que existir um indulto presidencial”. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já respondeu com ironia, dizendo que “nesta altura, em Novembro, já é tarde” para o ex-banqueiro solicitar indulto. Marcelo lembrou que este perdão tem que ser pedido até 30 de Julho e passa por várias entidades que dão o seu parecer.”Não é possível sequer examinar, porque há muitos outros que estão em fila e [devemos] respeitar o prazo”, justificou, em declarações à CNN Portugal.

Na entrevista, feita em colaboração com o jornal Tal e Qual, o ex-presidente do BPP nega estar no Belize, como já foi noticiado, e garante estar a viver do seu trabalho como consultor. “Esta semana fui convidado para fazer a montagem financeira de um projecto de 500 milhões de dólares”, assegurou, afirmando manter no lugar em que se encontra (que recusou identificar) uma vida normal, como tinha em Lisboa ou Cascais. 

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