Catarina Martins defende “salários dignos” para trabalhadores da EMEF integrados na CP

A líder do Bloco notou que os trabalhadores em causa exercem “funções altamente especializadas” e recebem “salários que ficam pouco acima do salário mínimo nacional”.

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A coordenadora bloquista visitou as instalações da CP em Guifões LUSA/JOSÉ COELHO

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu esta segunda-feira que devem ser respeitados os direitos dos trabalhadores da extinta EMEF que foram integrados pela CP, exigindo “salários dignos” para “funções altamente especializadas”.

“A EMEF foi extinta, agora é tudo CP, há trabalhadores que estão mais ou menos num limbo, e estamos a falar de salários que são pagos a trabalhadores especializados que são muito baixos. Entram aqui para ter funções altamente especializadas e com formação, com salários que ficam pouco acima do salário mínimo nacional, e com uma progressão de carreira que os faz ir até ao salário mínimo espanhol”, afirmou Catarina Martins, numa visita numa visita às instalações oficinais da CP em Guifões, no concelho Matosinhos.

Para a líder bloquista, Portugal precisa “de respeitar quem trabalha, de perceber que esta economia especializada, que cria valor, que diminui o endividamento do país e que responde, até, à crise climática”. “Esta é a economia de que precisamos, com salários dignos, e é o caminho que temos de fazer. É por isso que aqui estamos”, prosseguiu.

Em declarações aos jornalistas, Rúben Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários, adiantou que, desde Janeiro de 2020, altura em que a EMEF foi extinta, os trabalhadores “que foram integrados [na CP] viram cortado o subsídio de transporte e não viram a actualização salarial para as tabelas CP”.

“Têm um Regulamento de Carreira e Acordo de Empresa EMEF, que já não existe. Não foram transitados para a CP. E, desde 2020, são trabalhadores numa situação precária, porque têm baixos salários. Até hoje o Governo e a administração não têm conseguido integrar definitivamente na CP”, detalhou.

O dirigente sindical referiu ainda que se trata de “mão-de-obra barata” e que “a empresa infelizmente, embora esteja a formar permanentemente trabalhadores, perde trabalhadores com muita facilidade”, porque “a concorrência a nível de manutenção é muito grande”.

Uma das principais preocupações do sindicato é que “estes trabalhadores sejam definitivamente integrados na CP, tenham os direitos dos trabalhadores CP e deixem de viver neste clima de precariedade”.

“Não sabemos, com as eleições, numa mudança de política ferroviária, se este departamento de manutenção não será até vendido, porque é uma mão-de-obra extremamente barata”, apontou.

Por isso, pedem “estabilidade na carreira” e querem “ver o seu futuro na CP reflectido e reconhecido por parte da administração e do Governo”.

“Existe um investimento claro nos comboios e na ferrovia portuguesa, é inegável. Era necessário, mas também é necessário olharmos pelos trabalhadores da manutenção e integrá-los finalmente, para o grupo CP possa progredir e ser um grupo coeso, e não seja susceptível a mudanças políticas que possam alterar este panorama, e garantirmos o serviço público de ferrovia, de qualidade, a baixo custo, e que permita ao nosso país progredir, até em questão das metas climáticas possamos atingi-las. A ferrovia sem dúvida será o caminho”, defendeu Rúben Silva.

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