Rio assegura que não nomeará “boys” ou “girls” para a administração pública

O líder do PSD defende que é preferível fazer sessões temáticas de debate do que fazer comícios.

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Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD e recandidato ao cargo assegurou este sábado que não vai nomear “"boys” ou girls” para a administração pública”, por considerar errado e porque depois podem voltar-se contra si próprio.

“Não vou nomear “boys” ou “girls” ou o que lhes queiram chamar para a administração pública. Não vou não. Não vou porque acho que está errado, não vou porque depois sobra para mim. Se nomeio um incompetente, depois sobra para mim”, afirmou Rui Rio, que discursava na sessão de encerramento da Convenção “Que Saúde para Portugal”, organizada pelo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD para a Saúde, que decorreu em Coimbra.

O líder social-democrata apontou para o tempo em que esteve à frente da Câmara do Porto, salientando que se nomeasse “um director que é um inapto” depois sobraria para si próprio ou para um vereador.

“Eu quero lá as pessoas competentes”, frisou.

Rui Rio recordou que as grandes empresas privadas recorrem a “headhunters” (serviços de recrutamento e selecção para cargos de topo), considerando que a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP) poderia ter um papel semelhante.

“Se eu -- secretário de Estado ou ministro -- digo: “Eu preciso de uma pessoa com este perfil para este lugar. Vá [a CRESAP] dar a volta na administração pública e ver onde encontra uma pessoa com este perfil para este lugar”. É uma espécie de “headhunter” limitado, apenas na administração pública, mas no limite, se não há na administração pública e se a lei o permitir, fazer mesmo fora da administração pública”, defendeu, realçando que não irá telefonar para “uma distrital não sei de onde para saber quem é que deve ser o administrador do hospital”.

Receita para ser primeiro-ministro

 O presidente do PSD e recandidato ao cargo afirmou também em Coimbra que “andar aos gritos a dizer mal dos outros” não será uma receita para se ser um bom primeiro-ministro.

“Andar aqui aos gritos a dizer mal dos outros não me parece que seja receita para se ser um bom primeiro-ministro. Dizer muito bem mal dos outros não me parece que é isso que é necessário”, disse Rui Rio, que discursava na sessão de encerramento da Convenção “Que Saúde para Portugal”, organizada pelo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD para a Saúde, que decorreu em Coimbra.

Na sua intervenção, Rui Rio considerou que o partido está num nível de preparação “muito razoável” para as legislativas de Janeiro, realçando que é também “importante a forma como se faz a campanha”, apontando para as eleições de há dois anos, em que apostou numa série de conferências de imprensa temáticas.

“Uma coisa é fazer um comício aos gritos e outra coisa é fazer as sessões temáticas como fiz, em que as pessoas perguntam e sai na televisão na mesma. Ouvem na mesma, mas ouvem uma coisa mais civilizada”, frisou.

Para as legislativas de 2022, o actual líder do PSD defendeu que é preciso apostar numa mensagem de “mais rigor e menos facilitismo”, considerando que “a sociedade não vai a lado nenhum se não se substituir o facilitismo pelo rigor”.

Essa mensagem, vincou, deverá servir de “pano de fundo para as decisões que se vão tomando em todas as áreas”.

No discurso, Rui Rio voltou a defender mais e melhores empregos, considerando que o modelo económico seguido nos últimos anos está “a nivelar por baixo os salários”.

“Tem posto o salário mínimo nacional encostado ao salário. Se continuarmos assim, qualquer dia o salário mínimo é maior do que o médio”, ironizou.

Durante a sua intervenção, reafirmou também a vontade de assumir uma atitude reformista, voltando a criticar o PS por “fugir da reforma”.

Durante a sua intervenção, Rui Rio voltou a criticar a forma como o PS tem gerido os serviços públicos, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde, que é “o serviço público de maior importância e o que se tem mais degradado”.

“As soluções são efectivamente difíceis”, reconheceu, salientando que não é preciso apenas coragem para reforma, mas também “meios para reformar”.

“É talvez a área que mais me preocupa da governação”, disse, realçando que quando se deita ou quando acorda é a área com que tem mais preocupação.

Rui Rio admitiu que está mais confortável com as finanças públicas, mesmo com uma dívida elevada, do que com o Serviços Nacional de Saúde.

“É, efectivamente, uma pasta muito difícil, muito ingrata”, constatou.

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