Covid-19: o Natal será o que a vacinação permitir

Não dependemos apenas do nosso livre-arbítrio para travar a propagação deste vírus, como há um ano dizia António Costa, mas sim da eficácia do Estado.

As duas palavras mais repetidas por peritos e políticos, durante e depois da reunião desta quarta-feira no Infarmed, em Lisboa, foram “vacinação” e “reforço”. Os resultados do plano de vacinação são inequívocos — evitaram-se 2300 mortos e 200 mil infecções desde Maio ­— e é o seu sucesso que nos garante não serem necessárias restrições mais gravosas das liberdades individuais.

Os peritos tiveram o condão de induzir serenidade num momento em que o medo poderia alastrar, a reboque da subida galopante dos novos casos de infecção em países do centro e Norte da Europa, forçados a adoptarem medidas drásticas nos últimos dias. 

É claro que a pandemia se irá agravar nas próximas semanas, por razões sazonais, propícias às doenças respiratórias, nomeadamente nos internamentos. Embora não exista razão para alarme, há motivos para tomarmos medidas de precaução, que evitem a repetição do que se passou no final do ano anterior, como o regresso ao teletrabalho, os autotestes ou o uso obrigatório de máscaras em espaços fechados.

Existe consenso científico e político, sintonia entre a Presidência da República e o Governo. Como diz Marcelo Rebelo de Sousa, “é prematuro ir mais longe do que os peritos”. E o que os peritos propõem é pacífico, mesmo entre os partidos que estiveram presentes na reunião: reforço das medidas de prevenção da transmissibilidade do vírus. E aqui entramos na segunda palavra: reforço.

Ficou evidente que a vacinação é a arma mais eficaz para travar a propagação da covid-19, mas também ficou explícito que é necessário acelerar o ritmo de vacinação da população com mais de 65 anos, até atingirmos os 99% da população elegível a 19 de Dezembro. Ora, isto só se consegue se as equipas dos centros de vacinação forem reforçadas, sem prejuízo do acompanhamento e tratamento das outras patologias, tal como sugere o actual coordenador da task force.

Fomos bem sucedidos na execução do plano de vacinação conduzido por Gouveia e Melo e precisamos agora de obter o mesmo sucesso no reforço da vacinação da população mais vulnerável. Não precisamos de mais restrições, mas sim de precaução nos espaços públicos, de um discurso claro das autoridades de saúde e, sobretudo, de um reforço da vacinação, quer para a covid-19, quer para a gripe. Não dependemos apenas do nosso livre-arbítrio para travar a propagação deste vírus, como há um ano dizia António Costa, mas sim da eficácia do Estado.

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