Meghan foi ao Ellen DeGeneres falar de política — e volta a quebrar o protocolo real

A mulher do sexto na sucessão ao trono britânico voltou a defender a licença parental paga nos EUA, mas ressalva que não se trata de uma posição política. “Não se trata de direita ou esquerda, trata-se de certo ou errado.”

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Meghan, ao lado de Harry, tem vindo a revelar o apoio incondicional aos planos de implementar uma licença parental remunerada universal Reuters/CAITLIN OCHS

A família real britânica deve, em regra, manter-se afastada da esfera política, evitando dar a sua opinião sobre vários assuntos, sobretudo os considerados mais fracturantes. Tudo para manter a imparcialidade que a monarquia constitucional requer. No entanto, a duquesa de Sussex, a ex-actriz norte-americana Meghan Markle, tem vindo a revelar o apoio incondicional aos planos de implementar uma licença parental remunerada, incluída na proposta de lei Build Back Better de Joe Biden, que prevê um investimento na educação, saúde e no combate às alterações climáticas.

Problema: o pacote legislativo não só não reúne o apoio dos republicanos como tem o chumbo de alguns com assento na ala progressista da Câmara dos Representantes, o que obrigou Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, a adiar o momento da votação da proposta, que tem um custo de um bilião de dólares (milhão de milhões, trillion nos EUA).

“Penso que as pessoas se esquecem, ou nem sequer sabem, que este país é um dos seis únicos países do mundo — e a única nação rica do mundo inteiro — que não confere nem tem um programa federal de licenças [parentais] remuneradas”, contextualizou Meghan durante a entrevista no programa da manhã The Ellen DeGeneres Show. A duquesa de Sussex renovou assim o apelo para “colocar as famílias acima da política”.

“Toda a gente sabe, especialmente se teve um filho e mesmo se não teve, como é difícil e crítico nas primeiras semanas, ou mesmo meses, estarmos juntos como uma família”, sublinhou. “Como mãe de dois filhos, farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que podemos implementar isso.”

Em Outubro, Meghan escreveu uma carta aberta dirigida ao líder da ala democrata do Senado, Chuck Schumer, e a Nancy Pelosi em que defendia uma legislação que preveja uma licença parental remunerada universal. Apesar de se ter dirigido apenas aos democratas, a duquesa esclareceu que “não se trata de direita ou esquerda, trata-se de certo ou errado”, tentando pôr travão a quem a acusa de estar, mais uma vez, a quebrar o protocolo real.

No entanto, a ex-actriz, que ainda descreveu a Ellen o quão felizes ela e Harry são na Califórnia — “O estilo de vida, o clima é bastante bom”, referiu —, não está isolada no que toca a tomar posições políticas: a princesa Diana foi criticada por fazer campanha contra a utilização de minas terrestres; a princesa Ana arranjou forma de fugir ao aperto de mão com Donald Trump; e Carlos, o primeiro na fila para usar a coroa britânica, não se coíbe de defender uma série de causas, nomeadamente a defesa dos agricultores face à exploração perpetrada pelas grandes superfícies comerciais.

A ida de Meghan ao The Ellen DeGeneres Show marcou a primeira vez que a duquesa compareceu num talk show, em directo, desde que o seu casamento com o príncipe Harry foi anunciado, tendo escolhido precisamente um que está prestes a terminar, e envolto em alguma polémica.

O programa matinal da humorista norte-americana, no ar desde 2003 e por onde passou a maior parte das celebridades e personalidades americanas e não só, está na sua 19.ª e última temporada. O fim do programa surgiu depois de vários ex-trabalhadores terem acusado a produção de criar um ambiente conflituoso, dizendo-se vítimas de racismo ou de intimidação por parte de alguns elementos da equipa do programa. A própria anfitriã foi acusada de ter maltratado trabalhadores e até convidados.

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