“Manifesto de Matosinhos” alavanca ambições espaciais da ESA

Discussão identifica prioridades da Agência Espacial Europeia para acelerar o uso do espaço na Europa.

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Reunião em Matosinhos S. Corvaja/ESA

Vinte e três representantes de Estados-membros da Agência Espacial Europeia (ESA) subscreveram esta sexta-feira o “Manifesto de Matosinhos”, declaração que confere à ESA poder para alavancar as ambições espaciais fazendo face aos desafios sociais e climáticos que a Europa enfrenta.

A reunião ministerial intermédia da ESA, que reuniu esta sexta-feira 23 representantes de Estados-membros (contando com o Chipre), em Matosinhos, teve como tema central “Acelerar a Utilização do Espaço na Europa”.

Da discussão em torno das prioridades identificadas pela agência espacial para acelerar o uso do espaço na Europa resultou o “Manifesto de Matosinhos”, declaração que define três aceleradores para alavancar as ambições espaciais da Europa a “um próximo nível” e “redimensionar” as prioridades da agência.

A declaração, a que a Lusa teve acesso, confere também poder mandatário à ESA para, até 2022, desenvolver esforços junto dos Estados-membros para conseguir novos financiamentos.

Como principal prioridade, a ESA vai trabalhar no conceito de “espaço para um futuro verde” para permitir que as pessoas compreendam o estado actual do planeta e desenvolvam soluções para uma vida sustentável na Terra. Este conceito vai ter por base um “gémeo digital da Terra”, revelou o director-geral da ESA, Josef Aschbacher, acrescentando que com recurso a tecnologias de computação avançada e inteligência artificial vai ser possível “simular cenários” para alcançar os objectivos de neutralidade carbónica.

Ao mesmo tempo, a ESA vai trabalhar num acelerador de “resposta rápida e resiliente à crise” que visa apoiar os Estados-membros a agir de forma decisiva na crise climática que a Europa enfrenta, mas “sem prejuízo das competências soberanas dos Estados-membros e da União Europeia”.

A declaração define ainda, como terceiro acelerador, que a ESA trabalhe na “protecção de activos espaciais”, com o objectivo de proteger os astronautas e activos da ESA na interferência de detritos espaciais e do clima espacial.

A par destes três objectivos, o conselho da ESA reconheceu ainda dois “inspiradores” para se reforçar a liderança europeia em ciência, bem como o desenvolvimento tecnológico: “Uma missão de devolução de amostras da lua gelada” e uma “exploração espacial humana”.

As três prioridades e os dois inspiradores foram definidos ao longo dos últimos meses por um grupo consultivo e vão ser trabalhados pela ESA até Novembro de 2022, data prevista para a realização do Conselho Ministerial de Paris e onde se prevê que os Estados-membros “expressem as suas posições” relativamente a estes novos objectivos da ESA, revelou Josef Aschbacher.

Até lá, a ESA vai “estudar, preparar e antecipar tudo o que é preciso para realizar estes aceleradores”, salientou o director-geral da empresa espacial, acrescentando, no entanto, ser “urgente agir” perante os efeitos extremos das alterações climáticas.

Portugal organizou a reunião enquanto Estado que co-preside, juntamente com França, ao Conselho Ministerial da ESA, órgão governativo da agência onde têm assento os ministros dos 22 países-membros que tutelam as actividades espaciais.

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