Activistas tentam entrar na refinaria de Sines mas são barrados pela GNR

Um dos manifestantes foi identificado pelas autoridades. A acção foi desenvolvida pela Climáximo em defesa dos trabalhadores da refinaria que, do lado de dentro, protestavam também: “Vão para casa.”

Um dos activistas da Climáximo que esta quinta-feira se manifestou na refinaria de Sines da Galp foi identificado pela GNR e ficou retido durante cerca de 20 minutos. À chegada a um dos portões de entrada da refinaria cerca de dez activistas ambientais separaram-se do resto da manifestação e tentaram entrar no interior, sob pretexto de entregar panfletos informativos aos trabalhadores.

Não tinham autorização e foram barrados por elementos da GNR e da segurança da refinaria. Danilo Moreira foi o único retido. “Penso que o contingente de polícias que se juntou [na sua retenção e identificação] foi uma atitude excessiva”, diz em declarações ao PÚBLICO. Cerca das 13h30 os activistas chegaram às instalações da refinaria da cidade alentejana, no distrito de Setúbal, após uma marcha de cerca de três quilómetros desde o local onde se concentraram, a Rotunda da Barbuda.

“Tentaram-me agarrar e eu ainda tentei passar por baixo da barreira, como outros colegas fizeram, mas não consegui. Achei excessivo terem-me algemado e também ter sido o único identificado”, reitera. Por ser o único negro identificado, entre os cerca de cem manifestantes, Danilo Moreira, a par de outros activistas, falam em discriminação por parte das forças de segurança. 

Mariana Gomes, uma das organizadoras do protesto, conversa com elementos da GNR junto à entrada da refinaria Vera Moutinho,Vera Moutinho
A manifestação da Climáximo saiu da aldeia de Barbuda, em direcção à refinaria da Galp, em Sines Vera Moutinho
Os activistas vestiram fatos brancos para a marcha que os levou da aldeia de Barbuda a pé até à refinaria de Sines Vera Moutinho
Vera Moutinho
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Grupo de activistas da Climáximo Vera Moutinho
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Mariana Gomes, uma das organizadoras do protesto, conversa com elementos da GNR junto à entrada da refinaria Vera Moutinho,Vera Moutinho

Os activistas da Climáximo reivindicam a requalificação e formação para os trabalhadores em funções na refinaria. “O Governo tem que garantir que eles [trabalhadores] têm rendimento para garantir o seu sustento durante o período de transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis”, defende Mariana Gomes, porta-voz do colectivo, acrescentando que essa garantia deve, por outro lado, ser assegurada pela Galp. 

“Mudar o sistema, não o clima” ou “a nossa casa está a arder” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes. Pediram uma transição justa e o fecho da “maior emissora nacional com gases de efeito de estufa” do país até 2025, como refere João Camargo, investigador em alterações climáticas e activista.

“Existe algum dinheiro que até se camufla com esse nome de transição justa, mas no fundo o que acaba por fazer é indemnizar as empresas e permitir-lhes fechar as infra-estruturas sem que haja qualquer cuidado com os trabalhadores”, acrescenta o investigador, dando o exemplo da refinaria de Matosinhos.

Com o bloqueio desta quinta-feira, os activistas dizem querer “começar um diálogo na sociedade”. “É um diálogo que não está a acontecer”, reitera João Camargo.

Já a porta-voz Mariana Gomes assevera que “as instituições falharam para com a defesa do planeta” e que “é preciso reduzir as emissões de gases poluentes”. “Assumimos a responsabilidade de tomar a resolução da crise climática pelas nossas mãos e acreditamos que será nas ruas que podemos, de facto, reivindicar propostas concretas ao invés de promessas falsas.”

Os activistas falam na necessidade de garantir que não acontece em Sines o mesmo que sucedeu com os trabalhadores da refinaria de Matosinhos, os quais ficaram sem emprego de uma forma “abrupta”. Apesar disso, os trabalhadores da refinaria não encaram com bons olhos este tipo de iniciativas. Enquanto a acção da Climáximo decorria, do lado de dentro da refinaria, os trabalhadores protestavam contra ela: “vão para casa”, diziam. O PÚBLICO procurou falar com os trabalhadores, que não se mostraram disponíveis.

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