Empresas, a inovação vem de dentro

Têm surgido exemplos inspiradores de resiliência e inovação, impulsionados pelo contexto pandémico. A inovação é ainda mais fulcral em momentos base de sobrevivência.

É certo que a complexa estrutura das empresas pode apresentar-se, muitas vezes, como desencorajadora da inovação. No entanto, também é verdade que esta está ao alcance de qualquer negócio - basta, para isso, incutir essa vontade na cultura empresarial e montar uma estratégia para a desenvolver. Se, por um lado, a decisão de inovar pode parecer, à primeira vista, algo opcional, não há dúvidas de que a capacidade de se transformar a partir de dentro é, cada vez mais, um elemento essencial para manter a competitividade e assumir a liderança de um setor.

Quando pensamos em inovação, é natural que a associemos à capacidade das empresas de criar novos produtos ou serviços para o cliente final, quando, na verdade, o lançamento de uma novidade de sucesso é o resultado de um longo processo de descoberta e de sucessivas tentativas para chegar a algo diferenciador e que acrescente valor. Inovação é acreditar que é possível desenvolver algo aparentemente inconcebível, sendo que esta crença deve vir de dentro de cada um, guiada pela resiliência, pela capacidade de sonhar e pela ambição de fazer acontecer uma ideia. Dar liberdade criativa aos colaboradores, desenvolver projetos internos para testar e conhecer a fundo as novas tecnologias, ou desafiar ir além do próprio serviço da empresa podem ser estímulos essenciais com inúmeros benefícios. Por um lado, motiva os colaboradores, permitindo que cada pessoa se desenvolva de forma autónoma e num ambiente controlado, o que, por sua vez, é uma ótima ferramenta de retenção de talento. Por outro lado, abre portas a que cada um queira contribuir para levar a empresa mais além, sugerir novas soluções, novos caminhos, gerando ofertas mais diferenciadoras e reforçando o posicionamento da marca no mercado.

Esta aposta na inovação interna traduz-se, ainda, no inevitável e necessário acompanhamento ininterrupto das tendências, que permite que a organização dê respostas mais ágeis a eventuais crises. Além disso, demonstra também melhorias na forma e no conteúdo que as organizações produzem, aprimorando a sua capacidade competitiva e a sua comunidade. Em última análise, este investimento poderá mesmo resultar, posteriormente, numa spin-off e, quem sabe, num exit bem-sucedido.

No entanto, existem muitas empresas que ainda não estão despertas para esta área - não pelo desconhecimento dos benefícios que pode trazer, mas porque é algo que está altamente dependente de uma visão empresarial que alinhe a disponibilização de recursos humanos e de infraestruturas com o objetivo de inovar. Porém, existem várias formas de iniciar este processo e começar a incutir este espírito nos colaboradores. As empresas podem recorrer a soluções de inovação aberta, das quais são exemplo os reconhecidos hackathons, as maratonas de programação que têm ganho cada vez mais adeptos no universo português e internacional. Assim, cabe aos líderes colocarem todos os elementos numa balança e confirmarem se as facilidades de não investir hoje são superiores às dificuldades de um futuro onde se apresentarão menos ágeis e menos competitivos. No setor tecnológico, especificamente, o ritmo de inovação sempre foi bastante exigente. Porém, têm surgido exemplos inspiradores de resiliência e inovação, impulsionados pelo contexto pandémico. A inovação é ainda mais fulcral em momentos base de sobrevivência, sendo, por isso, importante não esquecer os princípios essenciais destas ocasiões - olhar sempre para aquilo que poderá estar para vir, como por exemplo tecnologia, práticas, métodos de trabalho, e acreditar que a liderança é algo que se conquista diariamente pela capacidade de apresentar continuamente soluções diferenciadoras e relevantes. Optar por uma estratégia de inovação hoje é a garantia de estar um passo à frente para alcançar a vantagem competitiva no dia de amanhã.

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