Estónia vai construir vedação de arame farpado na fronteira com a Rússia

Autoridades estónias afirmam que não há risco iminente de pressão migratória. Contudo, “os acontecimentos da Polónia, Lituânia e Letónia exigem o fortalecimento da infra-estrutura fronteiriça da Estónia”.

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A Estónia segue o exemplo dos países bálticos (Lituânia e Letónia) e também da Polónia na construção de barreiras fronteiriças LATVIAN PRIME MINISTER OFFICE HANDOUT/EPA

A Estónia vai construir uma vedação temporária de arame farpado com cerca de 40 quilómetros na sua fronteira com a Rússia. O anúncio surge enquanto os países vizinhos (Polónia, Lituânia e Letónia) enfrentam uma crise nas suas fronteiras com a Bielorrússia.

As barreiras serão construídas “em áreas da fronteira que já foram usadas anteriormente pelo crime organizado para facilitar a migração ilegal”, indicou o Governo estónio. Os trabalhos serão levados a cabo por quase 1,700 reservistas, no âmbito de um exercício militar que pretende verificar a resposta da cadeia de comando da defesa nacional, esclareceu a polícia e guarda fronteiriça.

Segundo as autoridades, não houve alterações na avaliação de ameaças relacionadas com a fronteira estónia e não existe um risco iminente de pressão migratória.

Contudo, “os acontecimentos da Polónia, Lituânia e Letónia também exigem o fortalecimento da infra-estrutura fronteiriça da Estónia, razão pela qual foi proposto ao Governo acelerar a construção de uma barreira”, explicou o director da polícia e da guarda fronteiriça, Elmar Vaher, em comunicado.

Milhares de pessoas agruparam-se junto à fronteira externa da UE para tentarem chegar ao bloco europeu, vindos da Bielorrússia, aumentando a tensão nos limites da Polónia, Lituânia e Letónia. Os 27 acusam Minsk de instrumentalizar os migrantes em retaliação às sanções impostas contra o regime de Alexander Lukashenko pela violação dos direitos humanos e repressão dos opositores e manifestantes, após as eleições do ano passado, denunciadas como fraudulentas.

Embora a Estónia não partilhe uma fronteira com a Bielorrússia, tem um historial geopolítico semelhante ao da Lituânia e da Letónia – ambos os países também ergueram vedações nas suas fronteiras. Além disso, Moscovo é um aliado próximo de Minsk e o presidente russo, Vladimir Putin, foi acusado pela Polónia de “orquestrar” o fluxo de migrantes que tenta entrar na União Europeia através da Bielorrússia, o que o Kremlin nega.

Vaher afirmou que os “peritos de segurança” consideram que a pressão migratória é um método de “guerra híbrida” que será utilizado nos “próximos anos” e, por isso, as barreiras físicas devem ser acompanhadas por “toda a infra-estrutura fronteiriça com equipas de vigilância para dissuadir e prevenir [a entrada de migrantes]”. A “construção de uma fronteira estatal com urgência” é considerada “o factor mais importante para prevenir a imigração em grande escala”, continuou.

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