Exército e Marinha têm mais de 1500 militares que não estão vacinados

Na passada semana a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte Real, com pelo menos 35 dos 182 elementos que constituem a guarnição infectados.

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Para os não-vacinados “existem restrições na participação em Forças Nacionais Destacadas” José Sena Goulão

O Exército e a Marinha têm mais de 1500 militares que não estão vacinados contra a covid-19, noticia esta quarta-feira o Diário de Notícia. O jornal avança que no caso do Exército o próprio ramo das Forças Armadas reconheceu que tinha 756 militares (ou seja, 6% do seu efectivo) que não estavam vacinados, enquanto a Força Aérea se recusou a adiantar esses dados. 

Já no caso da Marinha esta recusou-se a precisar quantos militares não estavam vacinados, optando por revelar a percentagem dos que já tinham recebido a vacina contra a covid. O gabinete do Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Mendes Calado, assume que “presentemente a Marinha tem 90% dos seus militares, militarizados e civis vacinados, embora este valor oscile em função das admissões e saídas que se verificam continuamente”. Tal, quantifica o Diário de Notícias, quer dizer que há 10% de não vacinados, que correspondem a 800 dos cerca de 8000 militares da Armada.

A notícia não precisa quantos militares recusaram ser vacinados e quantos não reúnem as condições para o ser (tiveram covid há menos de três meses ou um problema de saúde que torna a vacina contra-indicada).

Na passada semana a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte Real, integrada na Força Naval Permanente n.º 1 da NATO, atracada em Karlskrona, na Suécia. Segundo o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) a situação “não teve impacto na continuidade da missão”, mas os infectados (até esta segunda-feira 35 dos 182 elementos que constituem a guarnição) estão a dormir ao relento no hangar do navio, a viajar da Suécia para a Noruega, com temperaturas vários graus abaixo de zero, segundo fonte anónima citada pelo DN.

Este será pelo menos o segundo surto sofrido pela Armada no espaço de três meses. Em Agosto ocorreu no navio-patrulha NRP Douro, destacado na Madeira, o que obrigou toda a tripulação a abandonar o navio e a ficar confinada num hotel do Funchal. 

A porta-voz oficial da Marinha sublinhou ao Diário de Notícias que “a vacinação na Marinha assume carácter voluntário, sendo a recusa declarada por escrito, não havendo lugar a apresentação de justificação para a recusa”. A fonte oficial não foi explícita sobre se um não vacinado pode embarcar numa missão - que no caso da Marinha são normalmente em espaços fechados dos navios com elevado potencial de propagação de uma infecção - limitando-se a dizer que “no contexto da gestão de pessoal, a movimentação e colocação de militares tem que obedecer aos requisitos operacionais e aos riscos associados a cada missão, sendo os órgãos de gestão de pessoal, que incluem os serviços de saúde, competentes para garantir o cumprimento dos referidos requisitos, podendo a situação da vacinação ser um deles”.

O gabinete do Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), Nunes da Fonseca, diz desconhecer as razões para estes militares não estarem vacinados. A porta-voz oficial adianta que “até à data não existem restrições específicas para o grupo de militares que não está vacinado”, sublinhando que “o Exército mantém implementado o plano de testagem periódica nas unidades, de acordo com a missão e a avaliação de risco, conforme Plano de Contingência para a Covid-19” e que “adicionalmente mantêm-se em vigor as medidas de distanciamento, uso de máscara, desinfecção e arejamento frequentes das instalações, a fim de reduzir o risco de transmissão do SARS-CoV-2”.

No entanto, salienta que “existem restrições na participação em Forças Nacionais Destacadas”, uma vez que de acordo com “as recomendações do Centro de Epidemiologia e Intervenção Preventiva do Hospital das Forças Armadas (CEIP/HFAR), vertidas nas Ordens do Exército, só podem ser destacados para missões fora do território nacional, militares que estejam vacinados, sendo a recusa em ser vacinado critério de exclusão da missão”.

O Exército afirma que “não existem neste momento surtos activos”, admitindo que, “pontualmente ao longo destes 36 meses foram sendo detectados clusters de casos em diversas unidades do Exército que foram prontamente abordados de acordo com as regras implementadas à data e não desencadearam surtos, embora tenham exigido muitas vezes a restrição e suspensão de actividades programadas, nomeadamente no que à formação diz respeito”.

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