“Das casas de banho às pistas” do Trumps, o Queer Art Lab dá palco a todos os artistas LGBT

Espaço quer promover a partilha artística e a entreajuda dentro da comunidade LGBTQIA+, através da realização de actividades como performances e conversas na discoteca Trumps, em Lisboa.

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Tamara Alves a pintar a instalação "We Are Slowly Dancing in a Burning Room" Nuno Ferreira Santos

“Um espaço para crescer”: é assim que o Queer Art Lab se apresenta. O projecto dinamiza diferentes acções, desde exposições e concertos a worskshops e palestras, e irá ter uma galeria online/loja com arte criada por pessoas da comunidade LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, queer, intersexo, assexuais e outras identidades). Tem o apoio da discoteca Trumps, em Lisboa, onde decorrem todas as actividades, abrindo a porta a artistas queer, em diferentes fases de carreira, que podem enviar a sua proposta.

“O espaço é utilizado como o artista quiser, até pode usar as casas de banho e as pistas”, conta Ary Zara, cineasta, activista e fundador do Queer Art Lab, ao P3. “Se a pessoa preferir, tratamos da produção técnica, como a iluminação e o som, e da promoção do evento de forma gratuita”, diz. No caso de concertos e performances no palco do Trumps, quem cria o espectáculo define o valor do bilhete, que reverte apenas para si, e será ainda estendido o convite a promotores de espectáculos.

Tudo surgiu a partir de “conversas com o director do Trumps [Marco Mercier] até às tantas da noite”, conta Ary Zara, sobre como poderiam divulgar o trabalho de artistas queer, que “normalmente têm menos oportunidades”. Era para ter arrancado no início de 2020 com a exposição de fotografia 2 Square Feet, do próprio Ary, mas no fim-de-semana da inauguração “fechou tudo”, devido à pandemia.

O Queer Art Lab acabou por ser lançado em Outubro deste ano, com a apresentação da intervenção artística, no interior do Trumps, de Tamara Alves: We Are Slowly Dancing in a Burning Room. Já a experiência fotográfica de Ary Zara, que retrata os camarins do clube gay mais conhecido de Lisboa, foi inaugurada no dia 5 deste mês e vai estar patente até ao dia 27.

No dia 26 de Novembro vai poder-se assistir à exibição gratuita das curtas-metragens Polyamory e Tropico del mio desiderio, de Tiago Leão, seguida de uma conversa com o realizador e convidados. Em Dezembro, no dia 3, vai ser inaugurada uma exposição colectiva de arte erótica dos artistas Beatriz Mestre e Corvvs.

As exposições podem ser visitadas durante o horário de funcionamento do Trumps, entre quinta-feira e sábado, a partir das 23h45, sendo exigido o pagamento da entrada na discoteca (12 euros à quinta-feira e 15 euros à sexta-feira e sábado), que incluí duas bebidas - mas há sempre um dia de entrada gratuita. Para além da galeria de arte no átrio, o público pode ver também a instalação Bloom entre as pistas de dança e ainda a intervenção de Tamara Alves nas escadas que dão acesso ao dancefloor.

Mas o Queer Art Lab também quer comunicar com os mais novos. Em conjunto com o grupo de mães e pais da AMPLOS, criou o projecto Castelos Arco-Íris, cujo objectivo é dar a conhecer diferentes realidades às crianças, abrindo espaço para a diversidade. Deste modo, vão realizar mensalmente um evento, em diferentes localidades do país, onde vão ser contadas “histórias inclusivas de encantar” e, de seguida, dinamizada uma conversa sobre os temas apresentados. Este projecto tem como finalidade a criação de um livro de 12 contos, do qual farão parte algumas das histórias criadas ou adaptadas durante o decorrer da iniciativa, cujas vendas vão reverter para uma associação.

O primeiro evento da iniciativa vai acontecer no dia 18 de Dezembro, na Biblioteca do Palácio Galveias, em Lisboa, entre as 15h e as 16h. Podem participar crianças dos cinco aos dez anos, que poderão estar no evento acompanhadas por familiares. No entanto, a lotação é limitada e a entrada, gratuita, está sujeita a inscrição através do e-mail queerartlab@trumps.pt.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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