Moção do PCP contra linha circular do Metro de Lisboa aprovada com votos contra do PS

Comunistas dizem não ser “inevitável” travar a obra de construção da nova linha circular do Metro de Lisboa que já está em curso. Moção, que assume apenas a forma de recomendação, foi aprovada por todas as forças políticas do executivo, com excepção do PS e do Livre.

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Nicolau Botequilha

É mais uma demonstração política contra a construção da nova linha circular do Metro de Lisboa. A Câmara de Lisboa aprovou, pela segunda vez, uma moção apresentada pelo PCP para que o município pressione o Governo a suspender a obra.

A moção foi discutida na reunião de câmara desta quarta-feira e foi votada por pontos, sendo que os que recomendam a suspensão de todo o projecto actual mereceram os votos contra do PS e do Livre (PSD/CDS, PCP e BE votaram a favor de todos os pontos), disse ao PÚBLICO fonte do novo executivo.

No ano passado, os vereadores comunistas já tinham conseguido fazer aprovar uma moção semelhante contra a vontade de Fernando Medina. No entanto, este será apenas mais um sinal de descontentamento enviado ao Governo, uma vez que uma moção não tem qualquer valor vinculativo. Assume antes um valor de recomendação. 

Apesar disso, e da decisão do Parlamento que travava a obra, esta já se iniciou, faltando apenas consignar a empreitada de construção de novos viadutos no Campo Grande. Carlos Moedas disse recentemente ao Correio da Manhã que contava ainda conseguir rever alguns aspectos do projecto.

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“Não assumimos como inevitável sequer a concretização das primeiras fases”, disse o vereador João Ferreira ao PÚBLICO. “O que nós propomos é que a câmara tome uma posição de rejeição à linha circular” e que se faça “uma avaliação dos custos, dos benefícios e prejuízos”, explicou o comunista.

Na moção os eleitos propõem “a suspensão de todo o processo” e “uma articulação urgente” entre Governo e câmara, definindo como “prioridades” as extensões a Alcântara, a Loures e a Benfica.

Numa declaração enviada aos jornalistas no final da reunião, o novo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse-se satisfeito com a aprovação do documento. “[A linha circular] é um erro, está longe de ser a melhor opção para servir a cidade”, notou o social-democrata, defendendo a revisão do projecto. 

Ainda assim, alertou, não defende que o projecto seja todo abandonado, nem que se suspendam todas as obras em curso. “O que defendo é que estamos no meio do caminho e é crucial pensar os problemas [que surgirão] com o transbordo no Campo Grande. Afectará milhares de pessoas que vivem em Odivelas e em Telheiras e que, a manter esta linha circular, deixarão de ter acesso directo ao centro da cidade”, disse. 

Moedas notou ainda que defende a solução em laço, como de resto existe noutras capitais europeias. A ideia seria que o círculo não se fechasse no Campo Grande. A construção das estações na Estrela e em Santos mantinha-se como previsto, mas já não seriam construídos os viadutos projectados para o Campo Grande. Ou seja, passaria a ser uma linha com início e fim em Odivelas e Telheiras, cujos passageiros não teriam necessidade de transbordo.

“Ainda vamos a tempo de corrigir a situação. Estou disponível e acredito que com empenho e racionalidade do Governo e do Metro podemos chegar a uma muito melhor solução, que sirva a população. com João Pedro Pincha

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