Esqueçam a febre das redes sociais, chegou o “metaverso” que valerá 1,5 biliões de dólares

Será que dentro de dez anos vamos estar vestidos com as nossas sapatilhas virtuais de uma marca de luxo a ver um concerto virtual numa sala virtual patrocinada por uma empresa que só vende produtos virtuais no espaço do “metaverso”?

O termo “metaverso” ficou famoso em 1992 no livro de ficção científica, de Neal Stephenson, Snow Crash. O termo refere-se ao conjunto e convergência de mundos físicos, virtuais e de realidade aumentada, existentes à data e que venham a ser criados no futuro. Mas será que essa realidade já chegou e que é onde todos vamos viver em 2030? Há quem diga que sim, incluindo Mark Zuckerberg, o famoso criador e dono do Facebook.

O tema não podia estar mais quente no mundo da tecnologia e em dezenas de start-ups por todo o mundo. Se há uns anos qualquer ideia ou start-up que quisesse vingar tinha de afirmar que era uma empresa tecnológica, hoje o golpe mágico passa em parte por ser uma empresa a caminhar para o “metaverso"​.

Apesar das experiências de realidade virtual e aumentada serem ainda de nichos e de ser prematuro falar na atualidade da existência de um “metaverso” global e agregado, o crescimento exponencial e ligações nesta área conduzem-nos a essa possibilidade no curto prazo. Um mercado projetado pela PwC em 1,5 biliões de dólares em 2030 (ou seja, 6 vezes o atual PIB Português!) e que hoje vale somente cerca de 50 mil milhões, retrata bem o crescimento parabólico a que vamos assistir e o quanto o mundo será revolucionado na década que agora começou.

A criação deste novo espaço tem sido conduzida nos últimos anos com o desenvolvimento de vários protocolos que asseguram o funcionamento integrado de todas estas plataformas, ainda de nicho. Desde o século passado que vários mundos virtuais estão na ribalta. Já neste século movimentos como o lançamento de Second Life, em 2003, ou, em 2008, do Google Lively, que viria a ser descontinuado, prometeram. Nos últimos anos, experiências como a Facebook Horizon – o mundo de realidade virtual do Facebook, o famoso jogo Roblox, a Decentraland – uma plataforma operada pelos próprios utilizadores e já com uma base de economia de blockchain e, neste ano, a comunicação da Coreia do Sul sobre o lançamento de uma aliança nacional para regular o “metaverse” do país colocam o tema num patamar de ponto sem retorno.

A panóplia de start-ups que se juntam a este movimento é imensa e além da maior, a Decentraland, contamos com a Sandbox, a Yield Guild Games, a StarLink, a UFO Gaming ou a Decentral Games, apenas para nomear outras grandes. Todas elas avaliadas em várias dezenas de milhões de dólares.

Mais recentemente o Facebook fez um movimento enorme nesta arena, com a mudança do nome da empresa para Meta e comunicando o recrutamento de 10.000 mil pessoas para trabalhar na criação do “metaverso” do Facebook, só na Europa.

A questão do “metaverso” arrasta consigo dois outros universos muito próximos, o do blockchain e do gaming, bem espelhados nas start-ups referidas.

Por um lado, através de blockchain chega-nos uma realidade só comparável ao aparecimento da Internet com utilização em massa nos anos 1990, uma tecnologia que tem no seu centro a guarda de informação através de blocos enviados de pessoa para pessoa (“peer-to-peer”) de forma descentralizada, com protocolos abertos e conhecidos, e totalmente segura. As utilizações são diversas e passam por quase todos os sectores, por exemplo, pelas cripto moedas, contratos inteligentes, serviços financeiros, videojogos, transação e compra de energia, cadeias de abastecimento de retalho, controlo de fraude p. ex. em artigos de luxo ou saúde.

Por outro lado, através do gaming, a evolução está neste momento muito centrada nos NFT (“non-fungible tokens”) que são blocos da blockchain únicos e por isso não transacionáveis por outros iguais. Não só no gaming mas noutras áreas como arte digital, colecionáveis, bilhética, música, filmes, desporto, moda e até os famosos “memes” da Internet, os NFT acabam por ser hoje os pontos de convergência entre blockchain, gaming e “metaverso"​. Tanto a Artpool como a Exclusible são duas boas referências no universo de NFT, com os fundadores baseados em Portugal.

Uma coisa é certa, o comboio da “metaverse” já partiu e vai a alta velocidade. Se dentro de dez anos vamos estar vestidos com as nossas sapatilhas virtuais de uma marca de luxo a ver um concerto virtual numa sala virtual patrocinada por uma empresa que só vende produtos virtuais no espaço do “metaverso” não sabemos, mas que hoje em dia países como a Coreia do Sul, conhecidos por estarem sempre no topo da tecnologia, estão já a criar alianças nacionais para gerir o assunto isso é inegável.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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