Cartas ao director

Esclarecimento sobre uma entrevista de um membro do CC do PCP
Numa entrevista em 11 de Novembro  a Jorge Cordeiro, membro do CC do PCP perante a pergunta “Enquanto durou a ‘geringonça’, sentiu que o PCP estava a fazer uma coisa que os chamados ‘renovadores comunistas’ defendiam nos anos 90? Ou seja, afinal em alguma coisa eles tinham razão?”, Jorge Cordeiro respondeu: “Não me quero fixar muito nesse tipo de pessoas. Algumas dessas pessoas gostariam de nos ver como força de apoio do PS. [….]”

A verdade é que entre 2015/19 a esquerda portuguesa conseguiu ultrapassar o fosso que dividia os partidos que governavam e os que se limitavam a criticar essa governação. Os resultados são conhecidos e reconhecidos, Quando o PS passou a convergir com os partidos à sua esquerda, foi capaz de governar em beneficio de grande parte da população, e do desenvolvimento do país. Ficou assim demonstrado pelos factos que procurar entendimentos à esquerda, há muito defendida pela Renovação Comunista (RC), era afinal uma boa opção.

O que a direcção do PCP nunca quis perceber era a diferença entre apoiar e convergir com o PS. É diferente apoiar e convergir. No apoio só há uma dinâmica, a de quem se dirige para um alvo e se mantém nele, enquanto na convergência existem duas dinâmicas diferentes. Lamentamos que a miopia política deste dirigente do PCP o impeça de aprender com a experiência, e que para negar as evidências deturpe grosseiramente as posições há muito defendidas de forma coerente pela RC.

José Cavalheiro, direcção da Renovação Comunista

Corrupção: um obstáculo à representação política das mulheres?

Um artigo publicado em 2016 apresenta evidências de 18 países europeus, em que se verifica uma correlação positiva entre os níveis de corrupção elevados e a baixa proporção de mulheres eleitas. A hipótese é que a corrupção indica a presença de “arranjos obscuros” que beneficiam os já privilegiados e representam um obstáculo para as mulheres, quando as redes dominadas por homens influenciam a seleçcão de candidatos dos partidos políticos. Foram efectuados um teste empírico sobre vereadores eleitos em 167 regiões europeias e e uma análise multinível a nível regional e nacional. Este estudo retrata a proporção de mulheres em assembleias eleitas na Europa. Talvez seja esta uma hipótese de explicação para a situação que suscitou as objecções colocadas por Susana Peralta a um evento da SEDES e para os dados sobre a presença de mulheres nas últimas eleições autárquicas.

Idalina Jorge, Oeiras

Uma profissão que anda pelas ruas da amargura

Em Outubro, dia 5, assinalou-se o Dia Mundial do Professor. O docente Greg Thompson da Queens University of Technology (Austrália) redigiu um estudo baseado num inquérito efectuado a sindicatos de diferentes regiões do mundo e o denominador comum desse estudo acentua que a imagem da profissão docente anda pelas ruas da amargura. No que diz respeito ao nosso país contribui para este estado de degradação da imagem dos professores os salários demasiado baixos, a brutal intensificação do volume de trabalho a que se junta o aumento insano das exigências administrativas gizadas pelo frenesim dos burocratas do ministério que pretendem mostrar serviço e, last but not least ,o aumento do emprego precário. Os contratos temporários ou a termo certo não dignificam a profissão e os professores com o aumento constante dos combustíveis que se tem verificado ultimamente e com a dificuldade em obterem alojamento ou simplesmente um quarto – os preços são incomportáveis e exorbitantes - não podem exercer a profissão com dignidade pois não suportam as despesas correntes. Consequentemente as perspectivas de futuro na área da docência não são nada animadoras enquanto não houver estabilidade profissional e enquanto os professores não obtiverem incentivos remuneratórios e uma melhoria das condições no exercício da profissão.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Já foi chão que deu uvas

A selecção nacional de futebol, tendo em conta o seu apuramento para a Mundial, no Qatar, poder-se-á afirmar, após a derrota com a Sérvia, que “á foi chão que deu uvas”. Há uns tempos a esta parte, a selecção está amorfa, sem rotinas de jogo, não se vislumbrando nela laivos de vencedora. Assim, na vulgaridade a que chegou, se nada for feito para que seja invertido o sentido da derrota, rumo à vitória, falhará a presença no Qatar.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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