TAP diz que faltas dos tripulantes de cabina estão a provocar cancelamentos de voos

Mensagem da administração fala de “aumento expressivo, e acima da média, de baixas de curta duração e ausências, comunicadas em períodos inferiores a 24 horas”, que afectam a operação.

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TAP diz que foram cancelados voos, mas sem quantificar Nelson Garrido

A administração da TAP enviou uma mensagem aos tripulantes de cabina na qual diz ter sido confrontada, nos últimos dias, com “um aumento expressivo, e acima da média, de baixas de curta duração e ausências, comunicadas em períodos inferiores a 24 horas”. A situação originou cancelamentos de “alguns voos por falta de recursos, com o respectivo impacto na operação, nos clientes e nos colegas”, diz a mensagem enviada ao início da noite de sábado e assinada por Ramiro Sequeira, que tem o pelouro das operações (e foi presidente executivo interino).

“Estamos bem dimensionados para voar, acima das projecções”, diz a TAP, referindo que o planeamento de Novembro “foi publicado sem posições em aberto e com a regular programação de assistências, em cada frota/função, face à operação programada”. “Em pleno período de retoma gradual da indústria e de transformação organizacional, este é um assunto que nos deve preocupar a todos, pelo que é necessário que todos tomem consciência, assumam a sua parte da responsabilidade e que façam parte da solução”, acrescenta a mensagem assinada por Ramiro Sequeira.

Questionada pelo PÚBLICO sobre o número de baixas e ausências, bem como de voos cancelados, fonte oficial da TAP adiantou apenas que “durante o fim-de-semana se registou um absentismo do pessoal de cabina superior em cerca de 20% à média” e que, por causa disso, a companhia aérea foi obrigada a “cancelar/atrasar um número significativo de voos”, algo que traz consigo consequências para as contas da empresa.

A mensagem da administração surge numa altura em que decorre um diferendo entre a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil por causa das horas de trabalho e da remuneração, que tem sido mediado pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).

No âmbito de uma assembleia geral de emergência que se realizou no dia 14 de Outubro, os associados do SNPVAC aprovaram uma moção na qual sublinharam que a TAP não estava a reduzir “os plafonds mensais em conformidade com o acordado” no acordo de emergência, o qual prevê uma redução do tempo de trabalho, além da descida de salário (15% em 2021, 10% em 2022 e 5% em 2023). “A não-resolução deste diferendo inflige um rude golpe no mecanismo de distribuição equitativa de voos”, defende o SNPVAC. “Estamos a trabalhar em conjunto para encontrar formas de mitigar esta situação”, respondeu ao PÚBLICO fonte oficial da TAP, depois de questionada sobre o ponto de situação do processo negocial. O PÚBLICO está também a tentar obter uma reacção por parte do SNPVAC.

A última reunião na DGERT ocorreu na passada terça-feira. De acordo com a moção que saiu da assembleia geral do mês passado, “caso a TAP não reveja a sua posição até ao termo do processo de conciliação na DGERT”, a direcção do SNPVAC, liderada por Henrique Louro Martins, ficou desde logo mandatada para “promover tudo o que entenda necessário e adequado à salvaguarda dos interesses dos seus associados nesta matéria, desencadeando todas as diligências e adoptando todas as medidas consideradas oportunas à defesa desses mesmos interesses, incluindo todas as formas de luta legalmente admissíveis”, o que, embora não esteja explícito, pode incluir um pré-aviso de greve.

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