ONG israelita documenta 451 ataques de colonos em dois anos

Organização B’Tselem diz que o Exército de Israel quase nunca protege as vítimas, chegando mesmo a aliar-se aos colonos e a participar nos ataques. “É violência de Estado”, denuncia.

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Palestinianos manifestam-se contra os colonatos perto de Nablus EPA/ALAA BADARNEH

Uma organização israelita de direitos humanos documentou 451 incidentes de violência de colonos contra palestinianos desde 2020, sem que o Exército de Israel tenha intervindo para travar os ataques na grande maioria dos casos. De acordo com o relatório publicado este domingo pela B’Tselem, houve 170 incidentes em que os militares apareceram no local e escolheram não proteger os palestinianos ou uniram-se aos atacantes. Foram apenas 13 as situações em que as forças de segurança agiram para “impedir a violência dos colonos”.

“Os ataques de colonos contra palestinianos são uma estratégia usada pelo regime de apartheid israelita, que procura fazer avançar e completar a sua apropriação indevida de cada vez mais terras palestinianas”, descreve a organização não-governamental. “Quando a violência ocorre com a permissão e assistência das autoridades israelita e sob os seus auspícios, é violência de Estado. Os colonos não estão a desafiar o Estado; estão a cumprir as suas ordens.”

O relatório destaca cinco exemplos em diferentes partes da Cisjordânia: no seu conjunto, a violência dos colonos levou à ocupação de mais de 2800 hectares de terra. Um dos casos analisados é a Quinta Ma’om, erguida ilegalmente no Sul da Cisjordânia e que, entretanto, juntando forças com um outro colonato, controla cerca de 264 hectares, uma área que inclui estradas e pastagens usadas pelos residentes palestinianos. O grupo de direitos humanos ouviu vários agricultores que se queixam de ataques contra si próprios e da destruição de oliveiras e outras culturas.

De acordo com a lei internacional, todos os colonatos são ilegais. Israel distingue entre os autorizados e os que descreve como “selvagens” ou ilegais, como Ma’om, mas mesmo nestes casos o Governo raramente expulsa os ocupantes.

“É evidente que há um aumento destes ataques”, disse em Outubro à Al-Jazeera Ghassan Daghlas, que monitoriza a violência dos colonos no Norte da Cisjordânia. Este responsável palestiniano descreve os ataques como “planeados e não espontâneos”. A semana passada, um grupo de colonos vandalizou carros numa localidade perto de Ramallah; em Setembro, dezenas de colonos atacaram uma aldeia beduína no Sul da Cisjordânia, provocando vários feridos, incluindo uma criança.

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