Em dia de eleições o meu avô tirava do armário o seu melhor fato e escolhia com cuidado a boina com que procurava disfarçar a calvície. E mesmo quando o peso dos anos e os tratamentos de hemodiálise lhe tiraram a força das pernas, o ritual não deixou de cumprir-se. É certo que já não fazia a pé e de costas rectas o caminho entre a sua casa e a escola primária transformada em secção de voto. Mas quando saía dos carros do filho ou do genro o sorriso estava lá e os olhos azuis brilhavam. Deixar de votar? Só morto.
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