Primeiro objectivo de um Governo do PSD tem de passar por “melhores salários”, defende Rui Rio

Conselho Estratégico Nacional do PSD esteve reunido neste sábado para preparar o programa eleitoral para as legislativas de Janeiro.

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LUSA/FERNANDO VELUDO

O presidente do PSD e recandidato ao cargo, Rui Rio, defendeu neste sábado que o primeiro objectivo de um Governo social-democrata terá de ser “conseguir melhores salários” para todos os portugueses. “É indiscutível que o primeiro objectivo de um Governo do PSD tem de ser conseguir melhores salários para os portugueses. É aquilo que se tem degradado mais”, disse Rui Rio, que falava em conferência de imprensa depois da reunião do Conselho Estratégico Nacional do partido em Coimbra, para preparação do programa eleitoral para as legislativas de 2022.

Apesar de reconhecer que houve um reforço do salário mínimo nacional nos últimos anos, o líder social-democrata notou que esse reforço não tem acontecido nos “restantes salários, principalmente no salário médio, que estagnou”. “O salário mínimo vai encostando à média. Nós temos de fazer o nivelamento por cima e não o nivelamento por baixo. Temos de reforçar obviamente a classe média e, para isso, temos de dar instrumentos para ajudar a economia a ser mais competitiva”, afirmou, considerando que será necessária uma redução da carga fiscal.

Sem referir especificamente se defende um aumento do salário mínimo, Rui Rio considerou que é necessário um “reforço da classe média” e uma “subida dos salários através de melhor competitividade das empresas”.

Já o seu adversário na corrida para a liderança do PSD, Paulo Rangel, defende hoje, em entrevista ao Expresso, a necessidade de uma subida “significativa” do salário mínimo sem, no entanto, a quantificar, mas que não seja “abrupta”, para evitar rupturas na economia. “O modelo de crescimento e desenvolvimento das empresas portuguesas não pode assentar nos salários baixos. Já experimentámos isso e fomos ultrapassados por cinco países que tinham economias muito abaixo das nossas há 15 anos e agora deram saltos enormes”, explica o eurodeputado.

Outro ponto essencial para o futuro programa do PSD caso Rui Rio seja reeleito líder do partido passa pelo “reforço dos serviços públicos e o reforço da qualidade do Serviço Nacional de Saúde”, disse também o presidente social-democrata. “Com o PS, houve uma grande degradação dos serviços públicos”, acusou.

Considerando que o PSD é, na sua génese, um “partido reformista”, Rui Rio defendeu também uma revisão da Constituição da República Portuguesa - o partido tinha já a sua proposta bastante avançada e tencionava entregá-la na Assembleia da República no início do próximo ano -, uma revisão do sistema eleitoral, mas também reformas na Segurança Social, para que esta seja “sustentável”, e “uma reforma fiscal”.

O PSD, vincou, “é um partido reformista, em contraposição com o PS”, que afirma ser o partido “mais conservador”, por ser aquele que mais quer “conservar o sistema em Portugal”.

Eleições internas “meteram-se pelo caminho” mas foco de Rio são as legislativas

Rui Rio fez questão de vincar que apesar da disputa interna no PSD o seu foco é nas legislativas. "Chegando a 30 de Janeiro, eu e o PSD temos que estar preparados para dar as respostas necessárias ao país. As de 27 de Novembro [data das eleições internas] meteram-se pelo caminho. Trata-se, vai andando. Mas aquilo que é a resposta que o PSD tem de dar não é às eleições lá dentro e em quem vota e deixa de votar; é ao país”, disse Rui Rio.

Questionado sobre se o foco nas legislativas também será uma forma de campanha para as eleições internas, o líder do PSD frisou que quando faz campanha para todos os portugueses os militantes social-democratas “também estão a ouvir”. “Se eu vou a uma eleição interna, vou para ganhar. Obviamente que tenho uma campanha interna para ganhar, mas não é essa em que eu estou focado neste momento. Eu estou focado naquela que é a eleição de 30 de Janeiro. Essa é que é de uma responsabilidade enorme”, asseverou.

O presidente do PSD frisou que é mais importante a preparação do programa eleitoral para as legislativas, que “não se faz ali num cantinho, com uma folhinha a escrever duas ou três ideias”. “Eu concorro às eleições directas para ganhar e, se ganhar, tenho de estar preparado. Se tenho que estar preparado, tenho que fazer isto [elaborar o programa]. Se agora cruzar os braços e ficar à espera a ver o que acontece no dia 27 de Novembro, depois não estou preparado”, salientou.

Durante a conferência, Rio recusou-se ainda a responder às críticas do candidato à liderança do partido Paulo Rangel, que considera que o actual presidente do PSD deixou de ter condições para ser primeiro-ministro.

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