Incidência e transmissibilidade da covid-19 com subida constante há três semanas

Situação pandémica em Portugal agravou-se nas últimas semanas, com aumentos de incidência e transmissibilidade.

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Subida é comum a muitos países europeus Rui Gaudencio

Desde final de Setembro que Portugal se aproxima cada vez mais da “zona vermelha” no “semáforo” de risco pandémico apresentado pelo Governo em Março. A subida na incidência e transmissibilidade do vírus tem sido gradual no último mês e meio, com um aumento mais significativo desde 22 de Outubro.

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Há exactamente três semanas, a incidência estava nos 86,5 casos por 100 mil habitantes a 14 dias em Portugal Continental. Na mais recente avaliação deste indicador, divulgada pela Direcção-Geral da Saúde esta sexta-feira, a incidência está já nos 133,3 casos. Este valor é superior ao limite de 120 casos por 100 mil habitantes definido pelo Governo, em Março passado, para o avanço, travagem ou recuo dos vários planos de desconfinamento previstos para o país.

Contudo, apesar de existir uma subida deste indicador nas últimas semanas, é importante sublinhar que este número é muito inferior ao registado num passado recente: ainda no Verão, mais concretamente durante o mês de Julho, existiram avaliações onde a incidência estava acima dos 439 casos por 100 mil habitantes. Durante quatro meses (de Julho a Novembro), a incidência desceu de forma regular até aos 82,7 casos em Portugal Continental, valor mais baixo nos últimos seis meses. 

Mesmo com uma incidência a rondar os 130 casos por 100 mil habitantes, Portugal podia permanecer na “zona verde”, um equilíbrio que o país conseguiu manter durante o Verão. Contudo, o índice de transmissibilidade do vírus – designado por R(t) – empurra o país para a zona de risco deste “semáforo”.

O Governo definiu como limite para este indicador o valor de 1: se o valor for superior a este número quer dizer, na prática, que cada pessoa infectada contagia, em média, mais do que uma pessoa. O país conseguiu manter este indicador abaixo do limite entre finais de Julho e o meio de Outubro.

Nestes dois meses e meio, o país permaneceu fora da zona de risco. Contudo, tal como se verificou na incidência, também a transmissibilidade tem registado uma subida gradual no último mês. Se há três semanas esse valor fixava-se nos 1,02, a mais recente avaliação da DGS mostra que o R(t) disparou para os 1,15, valor comum a Portugal Continental e regiões autónomas.

Especialistas ouvidos pelo PÚBLICO admitem a existência de uma quinta vaga da pandemia, mas defendem que o número de óbitos será inferior ao de outros picos de infecções. 

Europa prepara reacção a nova vaga da pandemia 

A subida do número de casos e, consequentemente, destes indicadores, tem sido comum a vários países da União Europeia. Os Países Baixos são a primeira nação da Europa Ocidental a voltar atrás no desconfinamento: bares, restaurantes e outros negócios não essenciais voltam a encerrar às 19h, de acordo com as informações avançadas pela radiodifusora NOS. Vão ainda ser colocadas em prática restrições quanto ao número de pessoas permitidas em ajuntamentos familiares (limite de quatro pessoas), com todos os eventos desportivos a realizarem-se sem público nas bancadas. O teletrabalho será fortemente encorajado, de modo a evitar as deslocações e concentração de pessoa em transportes.

Na Noruega, as doses de reforço de vacinas para a covid-19 vão ser oferecidas a todos os maiores de idade. Os dados oficiais de vacinação deste país, citados pela Associated Press, mostram que mais de 91% da população com mais de 18 anos recebeu pelo menos uma dose da vacina, enquanto 87,2% já têm o esquema vacinal completo.

Também na Áustria, estão previstas medidas de confinamento para pessoas que ainda não foram vacinadas. “De acordo com o plano, temos apenas dias até termos de introduzir o confinamento para pessoas não vacinadas”, disse Alexander  Schallenberg numa conferência de imprensa, acrescentando que a taxa de vacinação da Áustria é “vergonhosamente baixa”.

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