Covid-19: Portugal pode atingir 240 casos por 100 mil habitantes em menos de um mês

País está agora num momento de “intensidade moderada” da actividade pandémica. R(t) é superior a um em todas as regiões do país, o que denota “tendência crescente”. Relatório das “linhas vermelhas” também alerta para uma interrupção da tendência de queda na mortalidade por covid-19.

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Nelson Garrido

A actividade epidémica da covid-19 em Portugal está agora com “intensidade moderada” e “tendência crescente a nível nacional”, de acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). A manter-se o aumento do índice de transmissibilidade no país, o limiar de incidência acumulada a 14 dias de 240 casos por 100 mil habitantes pode ser atingido em menos de um mês.

A “intensidade moderada” reportada no relatório desta semana revela um agravamento da situação em relação aos anteriores, que davam conta de “intensidade reduzida”. Os documentos avisam que o “agravamento da situação epidemiológica na Europa e o aumento da intensidade epidémica em Portugal devem condicionar um aumento do nível de alerta do sistema de saúde”, concretamente em relação a aumentos da procura de cuidados de saúde no próximo mês. Ainda assim, “a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são reduzidos”.

No capítulo da mortalidade, o documento diz que a tendência decrescente na mortalidade por covid-19” foi interrompida: passou de 6,4 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes para 8,0, uma subida de 25%. Representa uma “interrupção da tendência decrescente que se vinha a observar nas últimas semanas”, ainda que continue inferior ao limiar de 20,0 mortes por milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, sigla inglesa) e ao limiar nacional de 10,0 óbitos, revelando “um impacte reduzido da pandemia em termos de mortalidade específica por covid-19”.

Transmissibilidade e incidência aumentam em todo o país

O relatório indica que Portugal registou, no período em análise de 3 a 7 de Novembro, um índice de transmissibilidade – ​R(t) – de 1,15 a nível nacional e continental. Foi observado um R(t) superior a 1 em todas as regiões que denota a “tendência crescente da incidência de infecção”.

“A manter-se esta tendência de crescimento, ao nível nacional, o limiar da taxa de incidência acumulada a 14 dias de 240 casos por 100.000 habitantes pode ser atingido em 15 a 30 dias”, avisam. Em termos regionais, o índice de transmissibilidade aumentou em todas as regiões do continente: o Norte subiu de 1,01 para 1,14, o Centro passou de 1,06 para 1,21, Lisboa e Vale do Tejo passou de 1,04 para 1,13, o Alentejo aumentou de 0,87 para 1,06 e o Algarve saltou de 1,05 para 1,16.

Também se verificou um aumento transversal a todas as regiões da incidência cumulativa a 14 dias. A 10 de Novembro, o registo nacional foi de 138 casos por 100 mil habitantes, de acordo com o relatório de monitorização, com o Algarve a ser a região com maior registo (229), ainda que “abaixo do limiar de 240 casos por 100 mil habitantes”. Por outro lado, o Norte foi a região com o valor mais baixo (87). Lisboa e Vale do Tejo registava 140 casos por 100 mil habitantes, enquanto o Centro registava 204 e o Alentejo 103 casos por 100 mil habitantes a 14 dias.

Em termos etários, o grupo dos 20 aos 29 anos continua a ser o mais atingido pela infecção, com 198 casos por 100 mil habitantes. Ainda que haja uma “tendência globalmente crescente na maioria dos grupos etários”, o grupo etário mais avançado, de pessoas com mais de 80 anos apresenta uma “tendência estável” e com “um risco de infecção inferior ao da população em geral”, com 112 casos por 100 mil habitantes (menos dois que na semana anterior).

Internamentos estáveis

Relativamente às hospitalizações por covid-19, a 10 de Novembro o país registava no continente 64 doentes internados em UCI, o que corresponde a 25% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. Isto representa uma descida face aos 29% da semana anterior.

O relatório destaca que este indicador “assumiu uma tendência estável”. No entanto, o grupo etário dos 60 aos 79 anos, o que tem maior número de casos de covid-19 internados em unidades de cuidados intensivos, apresenta “uma tendência crescente nas últimas semanas”.

A região Norte é a que acumula mais doentes internados em UCI (25), sendo também a que apresenta maior taxa de ocupação destas unidades, com 33% do limiar de risco de 75 camas.

Proporção de positividade aumenta

O relatório das “linhas vermelhas” nota um aumento de 17% de testes realizados nos últimos sete dias em relação à semana anterior, com 244.367 realizados esta semana (209.598 no último). Dos testes realizados, 3,4% tiveram resultados positivos para SARS-CoV-2, um aumento face aos 2,8% da semana anterior. Apesar da tendência crescente, continua abaixo do limiar dos 4%.

A variante Delta continua a ser a dominante “em todas as regiões”, com uma frequência relativa de 99,7% nos casos da última semana avaliada (25 a 31 de Outubro).

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