Cartas ao director

Não aprendemos nada

A verdade que o título encerra é lamentável, mas é a verdade nua e crua, e efectivamente, tal como anteontem disse o vice-almirante Gouveia e Melo, não aprendemos nada. O sistema foi montado por ele, funcionou extraordinariamente bem enquanto ele lá esteve e originou resultados que são um orgulho para Portugal em todo o mundo mas, infelizmente, parece não funcionar sem ele. A DGS não aprendeu como se faz? A DGS não consegue pôr em prática um sistema que já existe e que tão bem funcionou há pouco tempo? Quem é responsável pela aparente incompetência da DGS? Como disse Gouveia e Melo, é tudo uma questão de análise dos números actuais com inteligência, racionalidade e estratégia. Se nada fizermos em termos de aplicação do reforço da vacina do covid-19 e da vacina da gripe, o mês de Dezembro poderá ser muito complicado. 

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Gouveia e Melo deve estar pelos cabelos

A recusa do vice-almirante Gouveia e Melo de voltar à vacinação, para coordenar a toma da dose de reforço, pode significar muito mais do que a rejeição de métodos “sebastianistas”. E tudo isto porque, numa altura em que o vírus estava controlado, mas não extinto, concluir os trabalhos da task force pareceu precipitado, até porque já se falava na dose de reforço. A força de tarefa devia ter continuado, se bem que num ritmo de maior abrandamento, para de imediato poder ser reactivada no momento em que se justificasse, mas mantendo sempre os operacionais nela inseridos, como Gouveia e Melo, prontos a voltar ao terreno no máximo empenho. A prevenção a isso deveria ter obrigado.

Mas esta recusa pode também não ter a ver só com isso. A situação em que foi colocado na Marinha, por causa de uma nomeação até agora falhada como CEMA, por culpa das altas esferas do poder, devem estar a pô-lo pelos cabelos. E não obstante se multiplique em actos públicos e entrevistas, já começa a falar-se que Gouveia e Melo, se a questão não se resolver, poderá vir a bater com a porta, deixar a carreira militar e ir tratar da sua vida de outra maneira. 

Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha

Quando o chefe é o último a saber

Paulo Rangel quer explicações do ministro da Defesa, por o comandante supremo das Forças Armadas não estar informado da investigação ao tráfico de diamantes. Se tivesse sido tropa como eu saberia o seguinte: as Forças Armadas são uma estrutura hierarquizada, e como tal o major que detectou o caso deu conhecimento ao seu comandante, que por sua vez informou o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA). Até aqui tudo bem.

A partir daqui é que começa o problema: se houvesse respeito pela hierarquia, o CEMGFA informava primeiro o seu superior imediato, que é Marcelo e só depois de uma conversa entre os dois o governo seria informado. Já no caso de Tancos, por não ter sido respeitada a hierarquia, um ministro foi chamuscado.

A pergunta que Rangel deve fazer é a seguinte: Porque é que o CEMGFA não informa o seu superior imediato de casos desta relevância?

Quintino Silva, Paredes de Coura

Democracia europeia em declínio

A adesão de Portugal à Comunidade Europeia (CE), em 1986, respondia ao enorme entusiasmo da população portuguesa numa perspectiva de desenvolvimento económico e social mas também de renovação do nosso ambiente e prática política. Nesses tempos, a CE era constituída por nove países, predominantemente do centro e norte da Europa, com uma democracia fundada nas boas práticas de transparência e prestação de contas (accountability).

A adesão dos países do sul (Grécia, Espanha e Portugal) seguido do apressado e negligente processo de adesão dos países de Leste enfraqueceram os processos de decisão e os mecanismos de fiscalização e assistimos actualmente, na UE, a um efeito de contágio e ao alastramento das más práticas de alguns. O secretismo imposto pela CE sobre a composição da Equipa Conjunta de Negociação com as multinacionais farmacêuticas constitui um enorme retrocesso e uma nuvem negra sobre a qualidade actual da democracia europeia. Estamos a assistir ao declínio da democracia europeia.

Ismael Alves, Laúndos

Acordos políticos

Como leitor diário do PÚBLICO algumas vezes fico atónito com a falta de seriedade com que leitores e políticos escrevem no jornal - a maioria não consegue ser apartidário. Ontem, Porfírio Silva, como vice-presidente do grupo parlamentar do PS ao defender o seu partido, esqueceu que em 2015 quem ganhou as eleições foi o PSD e o PS foi para o governo fazendo uma coisa que até Mário Soares se negou a fazer. Este governo tem enganado os portugueses e só o faz porque a maioria não tem cultura política. Os jovens portugueses terão de pagar a dívida pública colossal num futuro próximo que os governos PS aumentaram desmesuradamente. 

Carlos Mendes, Lisboa

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