Lukashenko pediu a Putin bombardeiros nucleares para vigiarem fronteira com UE

Diante das iminentes sanções europeias, o Presidente bielorrusso ameaçou Bruxelas com o encerramento do gasoduto do gás russo destinado à Europa.

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Milhares de migrantes tentam entrar na Polónia desde a Bielorrússia Reuters/BelTA

O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, admitiu esta quinta-feira ter pedido ao homólogo russo, Vladimir Putin, ajuda para vigiar a fronteira com a União Europeia (UE), para onde Moscovo enviou bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear.

As missões marcaram a segunda vez em dois dias que a Rússia enviou seus bombardeiros com capacidade nuclear aos céus da Bielorússia.

Dois bombardeiros de longo alcance russos Tu-22M3 fizeram uma patrulha semelhante na quarta-feira, e os meios de defesa aérea da Bielorrússia praticaram interceptá-los.

“Sim, são bombardeiros capazes de transportar armas nucleares. Não temos outra saída. Precisamos de saber o que fazem do lado de lá da fronteira”, afirmou Lukashenko durante uma reunião do executivo bielorrusso.

O Presidente da Bielorrússia pediu segunda-feira a Putin para se juntar às operações, após a eclosão da crise migratória na fronteira com a Polónia, onde milhares de imigrantes do Médio Oriente procuram entrar no espaço da UE. 

“[Moscovo] enviou bombardeiros estratégicos escoltados pelos nossos caças. Temos de monitorizar continuamente a situação na fronteira”, sustentou, salientando que os aparelhos irão sobrevoar as fronteiras com a Polónia, com os países bálticos, com todos os Estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e ainda com a Ucrânia.

“Foi o que combinámos com os russos. Connosco, as piadas não valem a pena. A situação aí é séria. Não sabemos o que eles querem”, acrescentou.

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou a Rússia de estar a “orquestrar” a crise na fronteira polaca. O Kremlin respondeu através do seu porta-voz, negando a acusação. “A Rússia, tal como os restantes países, está a tentar envolver-se para resolver a situação”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. 

Diante das iminentes sanções europeias, o Presidente bielorrusso ameaçou Bruxelas com o encerramento do gasoduto do gás russo destinado à Europa que passa pelo país e com o bloqueio ao trânsito comercial.

Ainda esta quinta-feira, o Ministério da Defesa russo divulgou imagens do voo de dois bombardeiros ‘Tu-160’, embora tenha especificado que a referida patrulha não era dirigida “contra países terceiros”.

“A duração do voo foi de quatro horas e 36 minutos. Nesse período, os bombardeiros percorreram mais de 3000 quilómetros”, indicou-se na nota militar.

Quarta-feira, outros dois bombardeiros ‘Tu-22M3’ também sobrevoaram o território bielorrusso, após o que Minsk informou que as patrulhas passariam a ser regulares “face à situação criada tanto no ar como em terra”.

Moscovo, que estendeu esta semana a presença de militares russos em território bielorrusso por 25 anos, apoia Minsk na crise migratória com a Polónia, que conta, por sua vez, com a ajuda europeia.

Lukashenko também ordenou ao Ministério da Defesa bielorrusso e às guardas de fronteira que garantam “o controlo sobre o movimento das tropas da NATO e polacas”.

“Vê-se que já são 15 mil militares, tanques, veículos blindados, helicópteros que voam ao lado de aviões. Foram enviados para a fronteira e, mais ainda, sem avisar ninguém, embora sejam obrigados a fazê-lo”, denunciou.

Lukashenko assegurou ainda que a Bielorrússia tem de ter “planos de contra-ataque”.  “Para que não façam uma pequena guerra na fronteira e não estejamos preparados para isso”, acrescentou.

Os ministros da Defesa dos países bálticos (que inclui também a Estónia), em comunicado conjunto, consideraram a situação como “muito alarmante” e condenaram “a escalada deliberada do ataque híbrido em curso [lançado] pelo regime bielorrusso”.

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