Aproveitemos este balanço

No último ano, dezenas de missas foram transmitidas todos os domingos na televisão, no YouTube e em muitas outras plataformas utilizadas também no teletrabalho. Porque não aproveitar este balanço para se actualizar e despertar o interesse das novas gerações?

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Rui Gaudencio

O formato das eucaristias da Igreja Católica é o mesmo há centenas de anos. Desde cedo que vou semanalmente à missa e apercebo-me de que o tipo de pessoas que a frequentam não varia, só quem tem a fé incutida desde sempre continua a honrar esta rotina e a visitar a Igreja aos domingos.

Recentemente, e muito devido à pandemia, a Igreja deu um passo em frente, reinventou-se e modernizou-se. Começou a transmitir as eucaristias online para que os seus apoiantes pudessem continuar a ouvir as palavras reconfortantes a que há já muito se habituaram. Resultou na perfeição. Esta é a prova de que quem se interessa genuinamente por algo não deixa de o fazer se lhe derem a devida oportunidade.

No último ano, dezenas de missas foram transmitidas todos os domingos na televisão, no YouTube e em muitas outras plataformas utilizadas também no teletrabalho. A verdade é que se a Igreja conseguiu evoluir desta forma em tão pouco tempo e conseguiu adaptar-se à situação actual, porque não aproveitar este balanço para se actualizar e despertar o interesse das novas gerações? Que me perdoem os conservadores, mas muitas são as pessoas que afirmam não acreditar em Deus porque as missas pouco lhes dizem e o que lá é transmitido não tem o alcance que deveria nem apela à comunidade mais jovem.

Muitos são os católicos não praticantes que acreditam e concordam com os valores transmitidos pela Igreja Católica, mas que não se identificam ou não são cativados pelo que é narrado pelos sacerdotes. É certo que a Igreja tem evoluído, estaria a ser injusta se o negasse, mas será que é suficiente? Foi dado um grande passo para acompanhar as trends que o próprio mundo exigiu, a Igreja e as novas tecnologias fundiram-se e isso beneficiou e muito os crentes que a apoiam, então porquê ficar por aqui? Porque não prolongar a pequena modernização que existiu e aproveitar para gerar interesse nas novas gerações? Porque não criar homilias mais dinâmicas e explorar temas mais actuais que possam cativar mais uma geração que é maioritariamente desinteressada?

Esta é uma oportunidade para a Igreja se reinventar e modernizar, para ter um alcance ainda maior do que o que já conseguiu. Agora, mais do que nunca, estamos a viver uma altura de mudanças e ajustes onde muitos sectores se reformularam. A Igreja não ficou atrás, mas uma vez que já deu um passo em frente, que não recue mais.

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