Congressista republicano recebe ameaças de morte por votar a favor do pacote de investimentos de Biden

Aprovação do investimento de um bilião de dólares em infra-estruturas foi um grande sucesso para a Casa Branca, também por contar com alguns votos a favor de republicanos.

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O congressista Fred Upton diz que as ameaças que tem recebido mostram um "ambiente tóxico" como nunca tinha visto até agora Jonathan Ernst/Reuters

O Congressista republicano Fred Upton, do Michigan, revelou que tem recebido várias ameaças de morte desde que foi um dos republicanos a votar a favor de um pacote de investimento em infra-estruturas de um bilião de dólares.

A proposta foi aprovada na sexta-feira passada na Câmara de Representantes, com 228 votos a favor e 206 contra, com 13 republicanos a votar a favor e seis democratas contra. Dois meses antes tinha sido aprovada no Senado por 69 votos a favor e 30 contra. O Presidente norte-americano, Joe Biden, congratulou-se com “um passo em frente monumental” e conseguiu assim uma vitória importante, com o bónus de ter votos republicanos a favor.

“Tenho uma colega que, como sabe, divulgou os nossos números de telefone, dos 13 que votámos a favor”, disse Upton numa entrevista à CNN. “Eu defendo o meu voto. Trabalhámos muito desde a Primavera nesta proposta bipartidária”, disse. Ao falar sobre a aprovação do pacote, no sábado, Joe Biden disse que a cerimónia da assinatura iria sublinhar os contributos de todos os que permitiram que a proposta fosse uma realidade, tanto democratas como republicanos.

Numa outra entrevista, à Detroit News, Upton referiu-se a um tweet da congressista republicana Marjorie Taylor Greene, da Georgia, que declarou que qualquer republicano que votasse a favor da proposta era “um traidor” ao partido, e ainda aos eleitores e aos doadores do partido. Greene descreveu a proposta como “a tomada comunista da América por Joe Biden”.

Outro republicano que votou a favor do pacote de investimento, Adam Kinzinger, do Illinois, comentou em resposta a Green que nunca tinha ouvido equiparar infra-estruturas a comunismo. “O sistema de estradas entre estados de Eisenhower deve ser desmantelado ou os comunas vão conseguir conduzir com facilidade!”, ironizou.

Na entrevista ao programa de Anderson Cooper, na segunda-feira à noite, Upton forneceu o áudio de uma das chamadas telefónicas, cheias de insultos não reproduzíveis: “És um traidor (…). Espero que morras”, diz o autor do telefonema, acrescentando: “Espero que a tua (...) família morra. Espero que toda a gente no teu (...) staff morra. Traidor”, sempre com palavrões dirigidos à família e à equipa do congressista.

Upton disse que os telefonemas mostravam um ambiente “tóxico” que é “o pior que já alguma vez vi”. Mais de 90% vieram de fora do seu círculo eleitoral. O congressista expressou preocupação pelo seu staff: “São eles que atendem os telefonemas. Há ameaças que lhes são dirigidas.”

Enquanto isso, esta quarta-feira, a speaker da Câmara de Representantes Nancy Pelosi pediu que tanto o painel de ética do Congresso como as autoridades investigassem a publicação de um vídeo de animação, no Twitter, pelo congressista republicano Paul Gosar, do Arizona. O vídeo, uma alteração de uma animação japonesa, representa Gosar a matar a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez e a atacar o Presidente Joe Biden, e parece ter sido, entretanto, retirado, com um tweet a fazer referência ao caso, a dizer “é só um cartoon, relaxa”.

Gosar votou contra a certificação da vitória do Presidente Joe Biden e descreveu os apoiantes de Donald Trump que atacaram o Capitólio a 6 de Janeiro como “patriotas pacíficos”.

“Não se podem tolerar ameaças de violência a membros do Congresso e ao Presidente dos EUA”, disse Pelosi numa declaração publicada no Twitter.

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