Taxa de desemprego recua, mas desempregados de longa duração aumentam

Dados do INE sobre o terceiro trimestre colocam a taxa de desemprego nos 6,1%, com 319 mil pessoas fora do mercado de trabalho.

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O valor da taxa de desemprego do terceiro trimestre foi divulgado nesta quarta-feira pelo INE Bárbara Raquel Moreira

A taxa de desemprego em Portugal baixou para 6,1% no terceiro trimestre, diminuindo tanto em relação ao trimestre anterior (estava em 6,7%) como em relação ao mesmo período de 2020 (8%), revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta quarta-feira.

Nos meses de Abril a Junho, havia 318,7 mil pessoas contabilizadas como população desempregada, menos 27 mil do que no trimestre precedente (de Janeiro a Março) e menos 84,8 mil do que no terceiro trimestre do ano passado, que coincidiu com a primeira vaga da pandemia.

O INE explica que esta trajectória resulta de cinco tendências: diminuição do desemprego de homens, “que diminuiu 27,8% (55,5 mil pessoas)”; recuo do “desemprego de pessoas dos 35 aos 44 anos, cuja redução se situou em 38,0% (27,8 mil)”; um decréscimo da “população desempregada com um nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico, cujo decréscimo foi de 33,7%, abrangendo 51,6 mil pessoas”; uma diminuição do número de “desempregados à procura de novo emprego, que diminuiu 26,0% (96,6 mil pessoas)”; e uma quebra do número de “desempregados há menos de 12 meses, cujo número diminuiu 40,6% (113,0 mil pessoas)”.

O INE refere que “menos de metade dos desempregados (48,1%)” eram considerados desempregados de longa duração, por se encontrarem nesta condição há pelo menos um ano.

Tal como o universo da população desempregada, o número de desempregados há 12 meses ou mais tempo também recuou em relação ao segundo trimestre deste ano — passando de 154,4 mil pessoas para 153,4 mil —, mas isso já não acontece quando se olha para a realidade do ano anterior, em que no terceiro trimestre havia 125,1 pessoas contabilizadas como desempregadas de longa duração.

Apesar do recuo do desemprego total face àquele período, isso não se reflectiu numa diminuição da população desempregada há 12 e mais meses, que, de resto, passou a ter uma proporção maior no total da população desempregada. Representava menos de um terço do total no terceiro trimestre de 2020 (31%), no segundo trimestre deste ano já representava 44,7% e, agora, representa quase metade, os tais 48,1%.

Segundo o INE, “a proporção deste tipo de desemprego é maior entre as mulheres (52,7%) do que entre os homens (42,6%), aumenta com a idade da pessoa desempregada (oscila entre 28,6% no grupo etário dos 16 aos 24 anos e 65,3% no dos 55 aos 74 anos) e diminui com o nível de escolaridade (abrange 59,1% dos desempregados que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico, 45,9% daqueles com ensino secundário e 39,4% daqueles com ensino superior)”.

Dos 153,4 mil desempregados de longa duração, perto de metade (47,4%) está nesta situação “há dois ou mais anos”, um valor mais baixo do que no segundo trimestre.

Apesar de a taxa de desemprego oficial ser de 6,1%, o INE revela um outro indicador sobre a evolução do mercado de trabalho que permite quantificar não apenas a população desempregada, mas também o “subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inactivos à procura de emprego, mas não disponíveis, e os inactivos disponíveis, mas que não procuram emprego”.

Há 642,4 mil pessoas contabilizadas neste indicador de subutilização do trabalho, menos 11,8 mil do que no segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre de 2020, também se verifica uma redução. A diferença é de 162 mil.

Com isso, a taxa de subutilização do trabalho baixou de 12,3% para 11,9% do segundo para o terceiro trimestre, comparando agora com uma taxa de 15,1% no terceiro trimestre do ano passado.

“O subemprego de trabalhadores a tempo parcial abrangeu 144,3 mil pessoas, valor superior ao do trimestre anterior (6,2%; 8,5 mil), mas inferior ao do trimestre homólogo (5,6%; 8,5 mil)”, indica o INE. Já “o número de inactivos à procura de emprego, mas não disponíveis para trabalhar, foi estimado em 24,2 mil, valor igual ao do trimestre anterior e superior em 6,5 mil ao do homólogo (36,9%)”.

“O número de inactivos disponíveis para trabalhar, mas que não procuraram emprego, abrangeu 155,2 mil pessoas, o que corresponde a um acréscimo de 4,6% (6,8 mil) em relação ao trimestre anterior e a um decréscimo de 32,6% (75,2 mil) relativamente ao período homólogo”, refere o instituto estatístico.

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