Lixo por livros: Bibliotecária indonésia cria programa ambiental e de literacia

Na ilha de Java, Raden Roro Hendarti pede às crianças que recolham lixo e, em troca, empresta-lhes livros.

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Crianças apanham lixo para o entregar à bibliotecária Raden Roro Hendarti EPA/HOTLI SIMANJUNTAK
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A bibliotecária tem 6000 livros para emprestar Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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Raden Roro Hendarti desloca-se numa pequena motorizada com três rodas Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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As crianças em fila para entregarem o lixo Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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Raden Roro Hendarti criou um programa que junta a preocupação ambiental com a leitura Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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A promoção da leitura é o desafio que a bibliotecária põe às crianças Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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Ao recolher o lixo, as crianças são sensibilizadas para alterar os seus comportamentos Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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O lixo é separado e reciclado Reuters/AJENG DINAR ULFIANA
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O objectivo é chegar às crianças que não vão à biblioteca Reuters/AJENG DINAR ULFIANA

Uma bibliotecária na ilha de Java, na Indonésia, teve uma ideia e juntou o útil ao agradável, que não só ajuda o meio ambiente, como incute entre os mais novos hábitos de leitura. Como? Sempre que eles recolhem lixo, ela empresta-lhes livros. 

Todos os dias, durante a semana, Raden Roro Hendarti vai no seu triciclo, com a bagageira cheia de livros, para entregar às crianças na vila de Muntang, em troca de copos de plástico, sacos ou outro tipo de lixo

O seu objectivo é promover junto dos mais pequenos a paixão pela leitura, ao mesmo tempo que os alerta para a crise climática. Assim que Raden Roro Hendarti aparece, as crianças, muitas acompanhadas pelas mães, aproximam-se da “livraria do lixo” e gritam pelos livros. 

Todos levam consigo sacos de plástico repletos de resíduos, de forma que a caixa da motorizada de Raden rapidamente se enche de descartáveis e se esvazia de livros. Para a bibliotecária é uma grande satisfação saber que, graças a esta ideia, os miúdos vão passar menos tempo a jogar online

“Temos de construir uma cultura de literacia desde tenra idade se quisermos mitigar os perigos que o mundo online tem”, diz Raden. “E devíamos ter mais cuidado com aquilo que desperdiçamos de forma a combater as alterações climáticas e salvar o planeta de toda produção de lixo”, acrescenta. 

A cada semana, a mulher consegue recolher até 100 quilos de resíduos, que depois são divididos e reciclados devidamente por ela e pelos seus colegas, vendendo ainda aquilo que se consegue aproveitar. Por outro lado, tem um stock de 6000 livros para emprestar e já pensa em levar o seu triciclo a outros bairros. 

Kevin Alamsyah, 11 anos, é um dos leitores que apanha lixo na sua vila. “Se houver demasiado lixo, o nosso ambiente torna-se sujo e isso não é saudável. É por essa razão que também ajudo na recolha para conseguir receber um livro”, conta. 

Jiah Palupi, responsável pela principal biblioteca pública da área, refere que o trabalho de Raden tem contribuído para o aumento dos hábitos de leitura e reduzir o tempo passado em videojogos, que é sobretudo predominante entre as camadas mais novas. 

Apesar de, na Indonésia, a taxa de literacia acima dos 15 anos rondar os 95%, um estudo do Banco Mundial, de Setembro, alertou que a pandemia contribuirá para que mais de 80% dos jovens da mesma idade fiquem abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura, tal como é identificada pela OCDE. 

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