Produção de castanha pode crescer 20% nesta campanha

Em 2020, Portugal teve uma produção de castanhas na ordem das 42.000 toneladas e este ano as perspectivas são de atingir 50.000 toneladas. Na última década, a área de castanheiro cresceu 53% no país.

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Metade da produção nacional de castanha é para exportação. Itália é o principal destino Teresa Pacheco Miranda

A produção de castanha, na actual campanha, deverá aumentar até 20%, para cerca de 50.000 toneladas, esperando-se frutos com melhor qualidade do que no ano passado, destinados, sobretudo, à exportação, adiantou à Lusa a Associação Portuguesa da Castanha (RefCast).

“A expectativa é de que haja mais castanha do que no ano passado. Temos que meter na equação as condições climáticas e o aumento da área de souto. [Perspectivamos] 15% a 20% a mais do que no ano passado”, afirmou o presidente da RefCast, José Gomes Laranjo, em declarações à agência Lusa.

Em 2020, Portugal teve uma produção de castanhas na ordem das 42.000 toneladas, esperando-se, neste campanha, que o número ascenda a cerca de 50.000 toneladas.

A campanha da castanha decorre normalmente entre o final de Setembro e meados de Novembro, podendo contudo pode ser influenciada pelas condições do clima. Este ano, a campanha está atrasada cerca de uma semana e meia, estando agora a ser atingido o pico da colheita.

O atraso deve-se às temperaturas registadas este ano, mais baixas do que no anterior, e também à humidade, que, em algumas regiões, como Vinhais, no distrito de Bragança, potenciou o desenvolvimento da septoriose, que é provocada por um fungo e que afecta a qualidade do fruto.

Porém, apesar destas situações pontuais, este ano, a castanha “desenvolveu-se com melhor qualidade”, apontou a RefCast.

Conforme notou o responsável desta associação, na última década, a área de castanheiro em Portugal cresceu 53%, verificando-se, ano após ano, um aumento da área do souto, factores que justificam o aumento esperado na produção.

José Gomes Laranjo explicou que o aumento da área de souto está relacionado com a “interessante” rentabilidade da castanha, mas também com a renovação na fileira, verificando-se que os filhos e netos dos donos dos castanheiros estão interessados nesta produção.

“Estamos, gradualmente, a assistir à entrada de sangue novo na fileira, com todas as vantagens que isto pode ter. São pessoas mais predispostas a abraçar a modernização da fileira. Isto é muito interessante”, defendeu.

A caminho da liderança na Europa

Face a este ritmo de crescimento, Portugal “caminha seriamente” para, a curto prazo, se posicionar como líder europeu na produção de castanha, considerou o presidente da RefCast, vincando que os exportadores nacionais estão “na vanguarda dos processos tecnológicos” para o tratamento deste fruto, em modo fresco ou congelado.

Portugal não tem excedentes de castanha, até porque é um “forte exportador”, com, pelo menos, metade da produção destinada ao mercado externo.

“O principal mercado de destino é Itália, a grande plataforma mundial do mercado de castanha. É o maior importador e exportador de castanha. França é também um destino forte, e depois temos o Brasil”, que tem uma “grande tradição” de consumo deste fruto no Natal, indicou.

Para o Brasil, a castanha portuguesa vai, sobretudo, em fresco, enquanto na Europa é muito destinada para a indústria da transformação.

De acordo com a RefCast, o sector está também trabalhar para consolidar estes mercados e entrar em novas geografias, por exemplo, no Norte da Europa, sendo presença habitual em eventos internacionais de promoção, como as feiras Fruit Attraction, em Madrid, ou Fruit Logistica, em Berlim.

Já no mercado interno, a castanha não assume o mesmo peso que os outros frutos. É sazonal e tem um pico de consumo, que corre nas primeiras semanas de Novembro, com festividades como o São Martinho.

“Hoje chegamos ao mercado e vemos a oferta da castanha a prolongar-se até Fevereiro e Março. Há uns anos isto era impensável”, acrescentou o presidente da Refcast, precisando que isto é reflexo do “poder de actualização” da fileira, mas também do interesse do mercado.

A RefCast tem cerca de 110 associados, incluindo produtores individuais, associações e cooperativas, que abrangem os sectores da produção, transformação e prestação de serviços, bem como municípios e entidades de I&D (Investigação e Desenvolvimento).

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