Fonte do “dossier Steele” anti-Trump acusado de mentir ao FBI

Igor Danchenko terá fabricado informações embaraçosas sobre a vida sexual de Donald Trump, incluídas num dossier que foi usado como justificação para escutar as conversas telefónicas de um conselheiro do ex-Presidente dos EUA.

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Trump foi acusado pelo procurador Robert Mueller de ter tentado sabotar as investigações sobre a interferência da Rússia Reuters/JONATHAN ERNST

O russo Igor Danchenko, um especialista em análise de risco político e económico que terá fabricado informações sobre uma suposta relação de dependência entre Donald Trump e as autoridades da Rússia, foi detido e acusado por um grande júri, nos Estados Unidos, de prestar falsas declarações ao FBI.

Danchenko, de 43 anos, foi identificado como a principal fonte de um polémico dossier que contém informações de cariz sexual sobre Donald Trump, organizado pelo antigo espião britânico Christopher Steele durante a campanha eleitoral de 2016 nos EUA.

Foi com base no “dossier Steele” que o FBI obteve uma autorização judicial para escutar as conversas telefónicas de Carter Page, um ex-conselheiro de Trump que foi um alvo das investigações do procurador especial Robert Mueller sobre as suspeitas de interferência da Rússia nas eleições de 2016.

Os agentes do FBI que estiveram envolvidos no pedido de vigilância a Page desvalorizam a importância do dossier nas conclusões da equipa de Mueller. 

No seu relatório final, Mueller deu como provada a existência de uma vasta e profunda campanha de interferência russa na eleição presidencial de 2016, e deu dez exemplos de como o ex-Presidente dos EUA tentou sabotar as investigações sobre essa interferência.

Mas o dossier foi fundamental para a obtenção do pedido de vigilância de Carter Page, e a divulgação, pelo site Buzzfeed, dos pormenores de cariz sexual que eram atribuídos a Trump, acabaram por moldar parte do debate entre apoiantes e os detractores do ex-Presidente dos EUA.

Numa breve audiência judicial, na quinta-feira, Danchenko foi notificado de cinco acusações por prestar falsas declarações ao FBI no âmbito de uma investigação sobre o “dossier Steele”, pedida por Trump. Em resposta a esse pedido, em 2017, o Departamento de Justiça lançou uma investigação liderada pelo procurador especial John Durham — as acusações contra Danchenko referem-se à investigação de Durham, e não a investigações anteriores.

Segundo a acusação, Danchenko prestou falsas declarações ao FBI, entre Junho e Novembro de 2017, sobre a fonte de parte das informações que passou à empresa de Steele.

As partes mais polémicas — nunca confirmadas pelo FBI, e supostamente fabricadas por Danchenko — diziam que a Rússia tinha informações embaraçosas sobre a vida sexual de Trump com prostitutas num hotel em Moscovo.

Danchenko é acusado de mentir ao FBI sobre a origem dessas informações. Segundo a acusação, o russo disse que as tinha recebido de uma fonte anónima, por telefone, quando na realidade sabia que não correspondiam à verdade.

A juíza Theresa Buchanan estabeleceu uma fiança de 100 mil dólares (86 mil euros) para a libertação de Danchenko, que vive com a família no estado da Virginia. Se vier a ser considerado culpado de todas as acusações, o russo pode ser condenado a um máximo de 25 anos de prisão.

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