Sabotagem. É essa a teoria do advogado da armeira que preparou o revólver de Alec Baldwin

“Alguém pretendia sabotar este cenário com balas verdadeiras colocadas de forma intencional numa caixa de munições falsas”, declarou Jason Bowles.

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O marido de Halyna Hutchins (na fotografia) contratou uma firma de advogados Reuters/SWEN STUDIOS

O advogado de Hannah Gutierrez, responsável pelas armas usadas no filme Rust, sugeriu que alguém possa ter colocado deliberadamente uma bala verdadeira na arma utilizada por Alec Baldwin e com a qual o actor atingiu mortalmente Halyna Hutchins​.

De acordo com Jason Bowles, Hannah Gutierrez tinha retirado munições de uma caixa que acreditava conter apenas balas fictícias, que seriam incapazes de ferir alguém, levantando a suspeita de que alguém colocou propositadamente balas verdadeiras, que se assemelhariam a projécteis fictícios, na mesma caixa.

“Receamos que possa ter sido isso que aconteceu, que alguém pretendia sabotar este cenário com balas verdadeiras colocadas de forma intencional numa caixa de munições falsas”, disse Bowles, na quarta-feira, ao programa Good Morning America, da ABC, descartando, porém, a ideia de que a morte da directora de fotografia tenha sido intencional: “Não estamos a dizer que alguém tivesse qualquer intenção (...). Mas queriam fazer algo para causar um incidente de segurança no cenário. É isso que acreditamos que aconteceu.”

Uma porta-voz dos produtores de Rust não comentou as observações de Bowles, preferindo sublinhar que a empresa está a investigar o incidente, não tendo recebido quaisquer queixas oficiais sobre a segurança em Santa Fé, Novo México.

As autoridades estão a investigar o caso, mas para já não foram apresentadas acusações contra ninguém.

A directora de fotografia Halyna Hutchins morreu a 21 de Outubro, depois de uma arma que Alec Baldwin tinha na mão disparar uma bala viva, disse a polícia. Baldwin tinha sido informado pelo assistente de realização Dave Halls que se tratava de uma arma “fria", um termo da indústria que significa que é segura.

Jason Bowles explicou que a armeira tinha verificado a arma antes de a entregar a Dave Halls: rodou o cilindro e mostrou a Halls cada uma das seis balas, que acreditava serem fictícias, precisou. Halls levou então a arma para onde Baldwin estava a ensaiar uma cena.

Pouco tempo antes, alguns operadores de câmara tinham desistido do filme para protestar contra o que diziam ser longas horas e outras condições de trabalho censuráveis, disseram as autoridades de Santa Fé. Questionado sobre quem poderia colocar intencionalmente munições reais entre munições fictícias, Bowles disse que acreditava poder ser uma pessoa que queria “provar um ponto”.

Entretanto, Alec Baldwin, que também é produtor do filme, disse estar destroçado com a situação e a cooperar com as autoridades. No entanto, o actor não parece disposto a aceitar a teoria de que o cenário sofria de falta de segurança, tendo partilhado o relato detalhado de uma colega sobre o assunto.

Já o marido da vítima, Matt Hutchins, contratou uma firma de advogados sediada em Los Angeles e com experiência em situações relacionadas com o mundo do cinema. Brian Panish, da firma Panish Shea Boyle Ravipudi, que no início do ano ajudou a garantir um acordo de 2,2 mil milhões de dólares para as vítimas de incêndios e deslizamentos de lama no Sul da Califórnia, será o advogado principal.

O causídico ainda não teceu quaisquer considerações, mas é possível que a família de Halyna Hutchins instaure processos civis contra os produtores de Rust, em busca de danos financeiros por negligência, como, aliás, alguns especialistas na matéria já tinham estimado em declarações à Reuters.

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