Cartas ao director

Greves

Na circunstância de um Governo em pré-gestão, limitado e até sem determinação em negociar, legislar, ir ao encontro dos interesses da sociedade civil pelas óbvias razões, os sindicatos afectos à CGTP não recuaram nas greves marcadas para Novembro, antes do chumbo do Orçamento. Trata-se pois da greve porque sim. Não existe interlocutor válido para os meses seguintes. Sabendo que não vão a lado nenhum, mantiveram, e no caso dos transportes, a prejudicarem os passageiros, os cidadãos, os contribuintes, os pagantes disto tudo. A única vantagem que daqui resultou foi a experiência que milhares de pessoas tiveram em deslocarem-se a pé alguns quilómetros nas ciclovias que finalmente tiveram utilidade, com piso bem mais suportável nestas longas caminhadas, ao invés da calçada portuguesa.

Perante esta onda de greves, em particular nos transportes, há que rever a eliminação das ciclovias. Se por um lado atrofiam a mobilidade - muitas desertas de ciclistas - constituem um tapete macio para quem é obrigado a andar quilómetros a pé, sempre que gente feia, rosto fechado e sem pensamento próprio e humano teima na maldade de prejudicar os restantes cidadãos.

Aristides Teixeira, Almada

Saibamos ganhar o futuro

O arrastar de situações degradantes (…) no tempo, na minha perspectiva, põe em causa o sistema político e o sistema judicial. Circunstâncias que permitiram aumentar as desigualdades entre os cidadãos do mundo e constituíram um travão ao nível do progresso socioeconómico. Um contexto adjacente a comportamentos intoleráveis (…) que corromperam as sociedades, com a anuência dos decisores políticos, e isso diz bem sobre a situação a que chegámos. Agora, numa altura em que está a decorrer a Cimeira do Clima em Glasgow, não tenhamos dúvidas, é preciso intervir de forma célere com o intuito de proporcionar a sustentabilidade do planeta em que vivemos, assim como a estabilidade económica para os países mais pobres e vulneráveis. Por tudo isto, saibamos ganhar o futuro, sob pena de continuarmos a lamentar constantemente os impactos nocivos e destruidores que daí advêm para a Terra e para a Humanidade.

Manuel Vargas, Aljustrel

Fábrica de unicórnios

Aproveitando a sua presença na Web Summit, um evento de tecnologia, o presidente da Câmara de Lisboa prometeu fundar uma fábrica de unicórnios na capital. Percebi que era um espaço destinado a transformar as ideias em grandes negócios e criar pequenas empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares. Em Braga, não estão previstas startups tecnológicas unicórnios mas já existe uma fábrica de dinheiro instalado numa pedreira, junto ao estádio municipal. Uns brilhantes empreendedores chegaram à conclusão de que o estádio construído por ocasião do Euro 2004, que apresenta uma factura de quase 200 milhões do erário público, não serve para uso do maior clube da cidade e por isso querem investir mais 60 milhões na requalificação do antigo estádio 1.º de Maio! 

Emanuel Caetano, Ermesinde


Bayern-Benfica: 2-2 ao intervalo não escandalizava

Tenho ouvido e lido críticas muito desfavoráveis à exibição do Benfica na Alemanha, contra o Bayern, mas, grosso modo, não concordo com elas. O clube da Luz, ao intervalo, só perdia por 2-1, e se o resultado fosse 2-2 não escandalizava. Fez uma óptima primeira parte, próxima do grande jogo que Rui Costa queria que se fizesse, e marcou até primeiro que o Bayern, em golo anulado, que não sei se seria. Logo no início teve também duas oportunidades para fazer mais golos e, ao todo, sem sombra de qualquer exagero, podia ter chegado ao intervalo com quatro ou cinco obtidos. Daí a minha oposição total ao tom derrotista, destrutivo mesmo, da maioria das críticas que fizeram ao Benfica.

Por motivos de força maior, que me transcendem, não pude ver a segunda parte. Mas voltámos a marcar. O que não deslustra muito, pelo contrário. Não há que ligar às críticas (só a capa do DN me pareceu rigorosa e verdadeira) e ter bem presente que se o Benfica ganhar os dois jogos que faltam passa aos oitavos da Champions. Só depende de si, e vencer de novo o Barcelona não é impossível. Não ouvi quase ninguém dizer que o Benfica jogou em Munique contra a melhor equipa da Europa, o que só valoriza ainda mais a boa primeira parte do clube da Luz. Há que ter calma, as contas fazem-se no fim.

Simões Ilharco, Lisboa
 

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