Coimbra recebe o primeiro Género ao Centro, um festival sobre igualdade

Iniciativa parte das histórias de Frida Kahlo e Chavela Vargas para levar um público infanto-juvenil a reflectir sobre as questões de género.

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A iniciativa é da Associação Cataprum

Entre esta sexta-feira e sábado, Coimbra acolhe o primeiro festival Género ao Centro, uma iniciativa da Associação Catrapum que leva espectáculos, workshops e exposições ao Teatro da Cerca de São Bernardo.  

O mote para o festival é a peça Frida e Chavela, Uma Estória de Humanidade, um espectáculo produzido no âmbito da semana cultural da Universidade de Coimbra, mas que, por causa da pandemia, ainda não se estreou ao vivo.

A presidente da Associação Catrapum, Vânia Couto, explica ao PÚBLICO que as histórias da pintora Frida Kahlo e da cantora Chavela Vargas, como símbolos do feminismo e da luta pela igualdade, servem de pretexto para abordar as questões de género, um tema sensível para discutir com jovens. Mas a ideia do Género ao Centro, diz, era abrir um espaço onde “se pudesse falar abertamente sobre igualdade”. 

A iniciativa conta com o apoio da Direcção Regional da Cultura do Centro e com o apoio institucional do Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC). 

Um dos folhetos promocionais do festival exibe a pergunta que a Catrapum recebeu de vários lados: “Vão ensinar as crianças a serem homossexuais?”. A resposta mais curta é não. “Estamos a tentar ajudar e sensibilizar. Mais do que falar sobre igualdade de género, estamos a falar de direitos humanos, sobre deixarmos ser quem as pessoas querem ser”, aprofunda Vânia Couto. E a urgência de falar sobre estas questões não é apenas retórica. “Há pessoas que sofrem imenso com isso e há pessoas que são mortas” por causa da sua orientação sexual, acrescenta. 

Vânia Couto conta parte do seu percurso pessoal para justificar a necessidade de abordar estes assuntos com crianças e jovens. “Além de música, fui professora, sou mulher e faço parte da comunidade LGBT”, contextualiza, enquanto relata episódios em que a palavra “gay” é utilizada como insulto entre crianças. 

 “Estamos a falar de crianças de 8 e 9 anos. Quando conhecem alguém que é [gay] e vêem que não há mal nenhum, já deixa de ser um insulto”, diz. O problema da violência no uso das palavras deve ser discutido, defende, até porque pode levar a situações de bullying e maus tratos. Vânia Couto refere que há já sessões esgotadas, depois de terem tido muitos contactos por parte de escolas, “inclusivamente de turmas que têm jovens em fase de transição”. 

O festival chega também a mais públicos, diz Vânia Couto, que lembra o caso de Chavela Vargas, que a partir de certa altura passou a usar cadeira de rodas e a falar abertamente da sua doença, para falar no interesse demonstrado pela Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e pela CERCI. 

A responsável diz também que a iniciativa já suscitou interesse de várias autarquias. Para já, além de Coimbra, o Festival Género ao Centro só tem uma viagem marcada: é a Penela, nos dias 19, 20 e 21, no auditório da biblioteca municipal.

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