Descoberta a tumba do chefe do tesouro real de Ramsés II

A identidade de Ptah-em-Uya, que era também escriba real, supervisor do gado do reino e responsável pelas oferendas no templo de Ramsés II em Tebas, foi desvendada através dos hieróglifos e dos murais agora revelados na necrópole de Saqqara.

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Um dos murais descobertos, representando um cortejo de oferendas Ministério do Turismo e Antiguidades do Egipto

Naquela área na necrópole egípcia de Saqqara, a cerca de 30 quilómetros a sul do Cairo, já tinham sido identificadas tumbas de governadores, de embaixadores e de comandantes militares. Vários altos funcionários do reino tiveram ali a sua morada final, como se esperaria que acontecesse, tendo em conta que Saqqara fora a necrópole da capital do reino, Mênfis. Agora, os arqueólogos da Universidade do Cairo responsáveis pelas escavações no local anunciaram nova e importante descoberta, a do complexo funerário de Ptah-em-Uya, chefe do tesouro e escriba real do faraó Ramsés II, que governou o Antigo Egipto entre 1304 e 1237 a.C.

Longo tempo passou desde que a entrada do complexo funerário de Ptah-em-Uya foi descoberta, em 1850, mas só agora foi possível desvendar o que escondia o seu interior e, consequentemente, a identidade daquele a quem o espaço foi dedicado. Os murais e hieróglifos encontrados no templo-tumba permitiram à equipa liderada pela arqueóloga Ola El-Ajezy identificar e aferir da importância de Ptah-em-Uya, que, além de tesoureiro e escriba real, acumulava também as funções de supervisor-chefe do gado do reino, sendo ainda responsável pelas oferendas divinas no templo do faraó em Tebas.

As estelas hieroglíficas encontradas na entrada do recinto contam a vida de Ptah-em-Uya. Na entrada de uma das divisões foram, por sua vez, descobertos murais representando um cortejo de oferendas a divindades, animais, na sua maior parte, e o sacrifício de alguns deles. Um dos pátios revelou uma série de colunas de Osíris, o deus dos mortos no Antigo Egipto, algumas ainda erguidas na sua localização original.

“Esta tumba será alvo de um estudo cuidadoso e pormenorizado, de forma a aprendermos mais sobre a vida económica durante o reinado de Ramsés II, no que diz respeito ao armazenamento de cereais, aos anos de seca e de inundações e aos impostos”, adiantou Mustafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto.

O complexo de Saqqara, com uma área de sete por 1,5 quilómetros, é uma vasta necrópole que servia a antiga capital do Egipto, Mênfis, onde foram erguidas várias pirâmides, como a célebre pirâmide de degraus construída no século 27 a.C. para acolher o faraó Djoser, e que continua a ser alvo regular de novas descobertas. Há um ano, por exemplo, foram apresentados, com grande aparato mediático, cem sarcófagos praticamente intactos, resultado das escavações que continuam a ser feitas ininterruptamente no local.

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