O mapa político das freguesias de Lisboa está menos monocolor

A coligação de Carlos Moedas conquistou a câmara municipal e 10 juntas. A de Fernando Medina ficou com 13 juntas, embora tenha perdido votos em quase todas. Em São Domingos de Benfica a IL entrou no executivo, na Misericórdia repetiu-se acordo entre PS e PCP.

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Nuno Ferreira Santos

Já tomaram posse todas as assembleias de freguesia de Lisboa e o mapa político da capital ficou pintado com novas cores. O rosa continua dominante, porque o PS lidera 13 juntas, mas o laranja e o azul-escuro ganharam terreno face há quatro anos, com PSD e CDS a somarem a conquista de 10 juntas à vitória na câmara municipal.

A CDU mantém a junta que já tinha, Carnide, onde vai novamente governar com maioria absoluta. Nesta freguesia, a coligação Novos Tempos (PSD/CDS/MPT/PPM/Aliança) ficou à frente da coligação Mais Lisboa (PS/Livre) – foi a primeira vez desde as autárquicas de 2009 que a direita superou os socialistas.

As candidaturas apoiadas por Fernando Medina registaram perda de votos em quase todas as freguesias da cidade, mesmo naquelas em que o PS ganhou com maioria absoluta. Foi o que aconteceu em Alcântara, em que os socialistas ficaram com menos dois eleitos, na Ajuda, em Benfica e em Santa Maria Maior, em que houve perda de votos e a maioria se manteve.

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Outros casos houve em que a maioria absoluta não resistiu à elevada perda de votos do PS. Nos Olivais, Rute Lima cativou menos 3200 eleitores do que em 2017 e ficou sem quatro membros na assembleia de freguesia, onde a oposição está agora maioritária. Em Campolide, Miguel Belo Marques, que sucede a André Couto na presidência da junta, conquistou menos 1200 votos do que há quatro anos e também viu escapar-se a maioria. No Beato, Silvino Correia foi outro dos autarcas que disse adeus à governação maioritária. Nestes três casos, as assembleias têm mais eleitos à esquerda, o que teoricamente torna mais fáceis os acordos necessários.

Uma excepção à perda generalizada de votos socialistas verificou-se em Santa Clara, onde Graça Pinto Ferreira, reconduzida na presidência da junta, conseguiu convencer mais 100 eleitores. Já Pedro Costa, em Campo de Ourique, reconquistou a junta por apenas 25 votos e está forçado a entender-se com a oposição. Na Penha de França, a socialista Sofia Dias manteve a presidência, mas tem menos um eleito, enquanto Natalina Moura, em São Vicente, continua com o apoio de cinco membros. Na Misericórdia, Carla Madeira repetiu o entendimento com o PCP para assegurar maioria.

Lumiar, São Domingos de Benfica, Alvalade, Avenidas Novas, Arroios e Parque das Nações foram as freguesias que mudaram do PS para PSD/CDS, juntando-se a Estrela, Santo António, Areeiro e Belém, mas cada uma tem circunstâncias específicas. Se nestas quatro juntas se repetiram as maiorias absolutas de há quatro anos, em nenhuma das restantes a coligação Novos Tempos conseguiu resultado semelhante.

Em Arroios, Madalena Natividade conseguiu uma mediática vitória sobre Margarida Martins, mas a esquerda junta (PS, PCP e BE) tem mais eleitos (10) do que a direita (PSD/CDS, IL e Chega, com 8) na assembleia. Há ainda um membro do PAN. Em São Domingos de Benfica, o novo autarca José da Câmara incluiu o eleito da IL no executivo, o que, mesmo assim, não garante maioria na assembleia – em que PS, PCP e BE têm 10 membros.

A IL conseguiu ser a terceira força política mais votada em quatro freguesias (Estrela, Parque das Nações, Avenidas Novas e Belém) e ficou com o lugar do BE na assembleia do Areeiro. O eleito liberal pode vir a ter preponderância no Parque das Nações, onde PS e PCP juntos têm tantos eleitos (6) como a coligação PSD/CDS de Carlos Ardisson.

O cenário é idêntico em Alvalade, agora sob liderança de José Amaral Lopes, onde PSD/CDS, IL e Chega têm 9 eleitos e PS, PCP e BE também. O eleito pelo movimento independente Mudar Alvalade poderá funcionar como fiel da balança.

No Lumiar, onde Ricardo Mexia teve mais 1000 votos do que o socialista Pedro Delgado Alves tinha tido em 2017, a direita (PSD/CDS, IL e Chega) tem 11 eleitos e a esquerda (PS, PCP e BE) tem 8. São contas semelhantes as que se fazem na freguesia das Avenidas Novas, à qual regressou Daniel Gonçalves: IL e Chega garantem maioria à direita (12 contra 9).

O melhor resultado do Chega foi em Marvila, onde conseguiu eleger duas pessoas e ultrapassar o BE. Ainda assim, o socialista José António Videira mantém a maioria absoluta.

A coligação de Carlos Moedas teve mais 949 votos para a assembleia municipal do que a coligação Mais Lisboa e ambas elegeram o mesmo número de deputados (17). Como os presidentes das juntas têm assento por inerência do cargo, o PS ganhou vantagem neste órgão por onde passam as decisões mais importantes do município.

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