Conservadores japoneses vão continuar a governar, mas sofrem golpe nas legislativas

Eleições eram um teste ao novo primeiro-ministro do país, que as quis antecipar. Vai ficar no poder, superando as expectativas, mas o seu partido deve perder assentos parlamentares.

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Fumio Kishida é o recém-nomeado primeiro-ministro e recém-eleito chefe do Partido Liberal Democrático (LDP) ISSEI KATO/Reuters

A coligação do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, superou as expectativas e vai manter-se no poder no Japão com maioria, de acordo com as sondagens à boca das urnas. Apesar de o partido ter sofrido algumas perdas, um golpe que poderá complicar a aprovação de políticas, consegue assim consolidar a sua posição.

Inicialmente, as sondagens previam que o Partido Liberal Democrático (LDP) ficaria abaixo da maioria. Mas as últimas projecções divulgadas pela emissora pública NHK atribuem-lhe pelo menos 253 lugares, mais do que os 233 necessários. Um resultado que é, ainda assim, inferior ao que o partido obtivera nas eleições anteriores, quando elegeu 276 membros da câmara baixa do Parlamento.

Quanto aos resultados do LDP somados ao parceiro de coligação, Komeito, estarão assegurados mais do que os 261 lugares necessários para uma “maioria absoluta estável”.

“A coligação não se vai desintegrar e o governo vai continuar”, diz Airo Hino, da Universidade Waseda, ouvido pela agência Reuters. “Mas mesmo assim, o número de lugares que eles têm estão a diminuir e isso pode complicar a gestão no Parlamento.”

Manter a maioria da câmara baixa do Diet (Parlamento) era essencial para Kishida. O recém-eleito chefe do LDP e recém-nomeado primeiro-ministro decidiu antecipar as legislativas, inicialmente previstas para o fim de Novembro. Quis aproveitar o efeito do fim da “quinta vaga” de infecções de covid-19 e uma ligeira subida dos conservadores nas sondagens.

Desde que assumiu as rédeas do país, o LDP, considerado um dos responsáveis do “milagre económico japonês”, só não esteve à frente do Governo entre 1993 e 1996, e entre 2009 e 2012. Mas o partido tem sido abalado pela percepção de que foi incapaz de gerir o combate à pandemia e Kishida não conseguiu entusiasmar os eleitores com políticas sociais, propostas para aumentar os gastos com a defesa e uma postura mais dura face à China.

Um dos grandes vencedores destas eleições foi o conservador Partido da Inovação do Japão, com as projecções a apontarem para um aumento dos lugares, tendo ultrapassado o partido Komeito e tornando-se na terceira força na câmara baixa, depois do Partido Democrático Constitucional (CDP).

A emergência do partido de Osaca enquanto força política nacional pode, ainda assim, dificultar a aprovação das políticas económicas de Kishida. O Partido da Inovação está “realmente a conquistar a região de Osaca, surgiram como um importante bloco conservador”, diz, também à Reuters, Yoichiro Sato, professor de Relações Internacionais da Universidade Ásia Pacífico Ritsumeikan. “Eles vão bloquear o novo capitalismo de Kishida e a sua ideia de diminuir o fosso de rendimentos entre os ricos e os pobres.”

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