Rui Rio: “Não é minimamente aceitável” que Marcelo tenha recebido Rangel para discutir eleições

O líder social-democrata reafirmou ainda que toda a bancada do PSD votará contra o OE2022, incluindo os três deputados do PSD-Madeira.

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Rui Rio discordou "frontalmente" do encontro entre Marcelo e Paulo Rangel LUSA/MIGUEL A. LOPES

Para o líder do PSD, o encontro entre o Presidente da República e o candidato à liderança dos sociais-democratas, Paulo Rangel, no momento em que se debate a possibilidade de chumbo do Orçamento do Estado de 2022 para alegadamente discutir a data das eleições legislativas, não só é “estranho” como “não é minimamente aceitável” e "condiciona o país às directas do PSD”.

Rui Rio – que diz não ter sido ainda contactado pelo Presidente da República  discordou “frontalmente” da opção de Marcelo Rebelo de Sousa ter recebido Paulo Rangel nesta fase do processo. "Se o Presidente da República até ouve primeiro um candidato a um partido antes de ouvir os líderes dos próprios partidos...”, condenou antes de criticar a opção de Marcelo.

Não é minimamente aceitável que o chefe de Estado receba e possa combinar uma coisa dessas [a data das eleições legislativas] com o líder da oposição interna”, considerou o líder social-democrata.

“Ainda por cima, as directas do PSD tiveram um presidente  que sou eu  que explicou devidamente ao conselho nacional que isto podia acontecer com alto grau de probabilidade. Não quiseram ouvir e quiseram impor aquilo que tacticamente lhes parecia dar mais jeito”, acusou.

Rui Rio comentava o encontro entre o Presidente da República e o candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, que de acordo com uma nota divulgada pela Presidência terá decorrido a pedido do eurodeputado social-democrata.

O líder do PSD  que soube do encontro entre Paulo Rangel e Marcelo Rebelo de Sousa pelos jornalistas  criticou a audiência dada a Paulo Rangel, notando com ironia que Rangel ainda nem sequer é candidato oficial, uma vez que ainda nenhum dos dois entregou as assinaturas necessárias para oficializar a candidatura. “Acho muito estranho que o Presidente da República receba um putativo candidato à liderança de um partido”, afirmou. 

Questionado se vai pedir alguma audiência ao Presidente da República como candidato à liderança do PSD, Rio respondeu que não, acrescentando que espera ser chamado "rapidamente” como presidente do partido, caso se confirme o cenário de “chumbo” do Orçamento e eventual dissolução do Parlamento. Sem querer falar da data das legislativas, Rio defendeu que se devem realizar o mais depressa possível, admitindo que se possam atrasar um pouco para não coincidirem com o período de Natal e Ano Novo. “Outra coisa é empurrar, empurrar, empurrar, não por nada de nada de especial, mas por qualquer coisa inventada para interferir  talvez interferir não seja a palavra adequada  para condicionar o futuro do país”, declarou.

Parafraseando Sá Carneiro, Rui Rio afirmou que primeiro “está o país, depois o partido” e só depois ele próprio. “Na marcação de legislativas antecipadas, o que comanda a minha acção é o que é melhor para o país e não o que é melhor para o PSD, quem não gosta que, nas eleições directas, vote contra” si, aconselhou.

Rio diz que PSD-Madeira irá votar contra

O líder do PSD reafirmou ainda que os três deputados do PSD-Madeira irão votar contra o Orçamento do Estado 2022, afastando a hipótese de os sociais-democratas contribuírem para a viabilização do OE2022. “O PSD decidiu, através da sua comissão política nacional, votar contra o OE. A comissão política regional da Madeira também decidiu exactamente a mesma coisa, em consonância com a comissão política nacional”, declarou aos jornalistas, nos corredores da Assembleia da República, enquanto decorria a segunda parte do debate orçamental.

“Nós temos 79 deputados e os 79 deputados em obediência das directrizes da comissão nacional  a quem compete definir em muitas circunstâncias  decidiram votar contra há muito tempo. E é assim”, simplificou.

A incerteza em torno do sentido de voto dos deputados madeirenses surgiu depois de Miguel Albuquerque, o líder dos sociais-democratas madeirenses, dizer que não fecha a porta a uma negociação com Lisboa, admitindo mesmo viabilizar o Orçamento.

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