Aung San Suu Kyi depõe pela primeira vez em tribunal desde a sua detenção

O julgamento decorre à porta fechada e a equipa legal da líder deposta foi proibida pela Junta Militar de falar com a imprensa. As acusações que enfrenta podem resultar em dezenas de anos de prisão.

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Aung San Suu Kyi HOW HWEE YOUNG/EPA

A líder destituída da Birmânia, Aung San Suu Kyi, depôs em tribunal pela primeira vez desde que foi detida pela Junta militar para responder à acusação de incitamento à perturbação da ordem pública. Segundo um membro da defesa, terá conseguido “defender muito bem a sua inocência”.

Na audiência de terça-feira, a líder birmanesa rejeitou a acusação relacionada com duas declarações que o seu partido (Liga Nacional para a Democracia) publicou em Fevereiro e nas quais terá condenado o regime militar e apelado às organizações internacional para não cooperarem com os militares, escreveu o portal de notícias Myanmar Now.

A Junta militar acusa Suu Kyi de disseminação de informações falsas ou provocatórias que podem levar à perturbação da ordem pública, punível com até três anos de prisão.

O julgamento decorre à porta fechada para o público e a imprensa. Mas, segundo um membro da equipa de defesa, Suu Kyi conseguiu “defender muito bem a sua inocência”, disse sob condição de anonimato ao site.

O advogado não adiantou mais detalhes sobre a sessão, uma vez que a Junta militar proibiu a equipa legal de Suu Kyi de falar com a imprensa sobre as audiências em tribunal. Em meados de Outubro, o seu advogado principal, Khin Maung Zaw, tinha anunciado que deixaria de poder falar com a imprensa, diplomatas estrangeiros e organizações internacionais, publicando no Facebook a ordem do regime militar que o impedia de o fazer.

O porta-voz da Junta militar, Zaw Min Tun, justificou a medida com a necessidade de limitar a disseminação de desinformação para não destabilizar o país.

Suu Kyi também está a ser julgada por uma série de acusações, como a importação ilegal de walkie-talkies e violação das restrições relacionadas com a covid-19. Além disso, responde ainda por acusações de corrupção, puníveis até 15 anos de prisão, e por violar uma lei do tempo colonial, o que pode levar à condenação de até 14 anos de prisão.

A líder birmanesa está detida desde Fevereiro, quando a Junta militar tomou o poder alegando a existência de fraude nas eleições de Novembro do ano passado – ganhas pelo partido de Suu Kyi. O golpe militar motivou protestos em massa pelo país e campanhas de desobediência civil e rebelião, a que as forças de segurança têm respondido com repressão e violência. No total, cerca de 1200 civis foram mortos, segundo Associação para os Prisioneiros Políticos.

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