Túnel de Santo Ovídio vai fechar 18 meses devido a obras do metro do Porto

Acesso por onde passam 40 mil carros diariamente fecha por causa do prolongamento da linha Amarela, mas já não será afectado pela segunda linha de Gaia.

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Escavação do túnel junto ao hospital de Gaia começa esta semana

A boa notícia do prolongamento da Linha Amarela do metro do Porto para sul, até Vila d’ Este, traz, pelo meio, uma má notícia para quem usa diariamente o túnel rodoviário de Santo Ovídio, que liga a A1 à cidade de Gaia. A partir de terça-feira, dia 2 de Novembro, o acesso vai estar encerrado por 18 meses, pelo menos, para construção de um troço da linha que segue, inicialmente, em paralelo à via. A empresa admite fazer esforços para antecipar os trabalhos neste nó mas para isso é preciso que esta empreitada, que tem conclusão apontada para o final de 2023, não seja afectada pelos problemas de abastecimento de matéria-prima que, a par das dificuldades de contratação de mão-de-obra, pressionam as obras públicas em Portugal. 

No meio deste contratempo para quem usa o automóvel, a boa notícia é que, apesar de em 2023 estar previsto o arranque das obras da segunda linha de Gaia entre Santo Ovídio e a Casa da Música, a transportadora já não necessitará de cortar este importante nó rodoviário de acesso à cidade - que se espera, também, que possa ser aliviado pela transferência de pessoas para o metropolitano. Em declarações à imprensa durante uma visita às obras, com a Metro do Porto, o reeleito autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou que o município vai reforçar a disponibilidade de transporte público e redobrar a atenção da polícia municipal à rotunda de Santo Ovídio e às vias circundantes para impedir o estacionamento indevido e garantir a fluidez possível, admitindo, de antemão, que serão tempos complicados para quem não conseguir ou não quiser abdicar do automóvel. A obra “vai sobrecarregar o IC23, vai sobrecarregar a A44, vai sobrecarregar as nacionais, nomeadamente a Nacional 1”, disse.

Poço da futura estação Manuel Leão, em Gaia Nelson Garrido
Poço da futura estação Manuel Leão, em Gaia Nelson Garrido
Poço da futura estação Manuel Leão, em Gaia Nelson Garrido
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Poço da futura estação Manuel Leão, em Gaia Nelson Garrido

Três frentes de obra na cidade

Este corte de um importante acesso a sul da cidade acontece em simultâneo com as obras do tabuleiro inferior da ponte Luís I, a norte, e, a leste, com a intervenção na EN222, que está condicionada para vir a receber, em breve, a primeira linha de metrobus da região. Uma coincidência de calendário não propositada, assinalou o autarca, que se deve às regras da contratação pública e à necessária intervenção do tribunal de contas, em obras da autarquia e, no caso da ponte, da Infra-Estruturas de Portugal. Tudo isto vai gerar problemas de circulação no curto prazo mas, no final, o concelho ganhará dois novos serviços de transporte público que contribuirão para melhorar as condições de mobilidade desta e das próximas gerações, enfatizou. 

Já o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, explicou que a empresa ainda avaliou, tecnicamente, a possibilidade de levar a cabo a obra em Santo Ovídio sem cortar totalmente o túnel, mas quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista da segurança, explicou, foi considerado que não haveria condições para tal. A obra vai é avançar o mais rapidamente possível neste ponto do novo prolongamento de modo a que, ainda antes da conclusão destes três quilómetros de linha nova, o túnel rodoviário possa reabrir ao trânsito. Nessa altura, o espaço estará também já preparado para vir a receber o término/arranque da Linha das Devesas evitando, assim, que um ano depois tenha de haver novo corte, como se referiu. 

Arranque sul do túnel entre a estação do hospital de Gaia e a estação Manuel Leão Nelson Garrido
Arranque sul do túnel entre a estação do hospital de Gaia e a estação Manuel Leão Nelson Garrido
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Arranque sul do túnel entre a estação do hospital de Gaia e a estação Manuel Leão Nelson Garrido

Túnel no hospital prestes a arrancar

Em Santo Ovídio, a linha Amarela prolonga-se para sudeste em viaduto durante algumas centenas de metros até entrar num túnel (ainda não construído) por onde chegará à estação Manuel Leão. Aqui, a frente de obra decorre com normalidade e foi já escavado e consolidado parte do poço da estação, que terá três pisos em 20 metros de profundidade e permitirá construir, à superfície, um novo espaço público, em anfiteatro, aproveitando o declive do terreno. Esta estação serve a zona do Monte da Virgem e do bairro do Rosário, bem como a escola Soares dos Reis, e dela o metro seguirá no subsolo até desembocar, à superfície, ao lado do Hospital Santos Silva. 

Nesta outra frente de obra, a imagem de Santa Bárbara está já a postos, benzida e colocada num nicho, como é tradição entre os mineiros, para que ainda esta semana se iniciem os trabalhos de abertura do túnel de cerca de um quilómetro, em direcção a norte, até desembocar na estação Manuel Leão. Na direcção oposta, os trabalhos, que ainda não começaram, são mais simples, tendo em conta que a linha seguirá à superfície até à populosa urbanização de Vila d’Este. Objectivo: concluir os trabalhos em dois anos. “A nossa previsão e intenção continua a ser claramente o 31 de Dezembro de 2023, é esse o nosso compromisso. Haverá uma fase de pré-operação. Eu diria que no início de 2024, em Janeiro, a linha estará em condições de ser utilizada comercialmente”, afirmou o presidente da Metro do Porto.

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