Ainda não é desta que o FC Porto ganha a Taça da Liga

A derrota nos Açores, frente ao Santa Clara, garante que o registo sofrível dos “dragões” nesta prova não vai, para já, ser revertido.

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LUSA/EDUARDO COSTA
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Sérgio Conceição disse que queria oferecer a Taça da Liga a Pinto da Costa, mas ainda não será em 2021-22 que o presidente vai conquistar o título que lhe falta como líder do clube. Os “dragões” foram eliminados da prova nesta terça-feira, com uma derrota (3-1) no terreno do Santa Clara. Este resultado deixa a equipa portista sem possibilidade de chegar aos quatro pontos dos açorianos, no grupo D, mesmo que venha a vencer o Rio Ave no jogo que falta.

Com quatro finais e seis meias-finais perdidas em 15 edições, mais algumas quedas em fases precoces, o registo sofrível do FC Porto nesta prova não vai, para já, ser revertido e o troféu desejado vai continuar mais uns meses longe do museu portista.

Esta foi, grosso modo, uma partida em que venceu quem pouco fez por vencer, mas isto dificilmente servirá de consolo para o FC Porto. É certo que os portistas fizeram mais por ganhar, mas também poucos negarão que o fizeram de forma quase sempre pouco competente. E não é pela falta de fortuna que os “dragões” vão para casa na Taça da Liga.

Para este jogo, Sérgio Conceição mudou quase toda a equipa (dez jogadores), mas sem encontrar nos substitutos um perfil semelhante ao dos habituais titulares. Com Pepê, Corona e Fábio Vieira, mais Manafá como lateral esquerdo, a jogar com o pé direito, a ideia seria ter um jogo mais associativo – difícil, ainda assim, pelo relvado longe de perfeito.

O problema é que Toni Martínez não pede esse futebol, ao contrário de Taremi, forte em apoios frontais entre linhas, e Bruno Costa e Grujic não são Vitinha. Desta forma, o jogo portista esteve sempre “empenado” a refém de soluções, até pela avidez de Pepê e Corona a tentarem mostrar serviço em lances individuais.

Do outro lado, sem conseguir jogar muito, o Santa Clara beneficiou de um golo de bola parada, aos 17’. Uma bola mal aliviada permitiu ao central Chindris, em estreia, rematar com sucesso à meia-volta. E este foi mais um golo sofrido pelo FC Porto de bola parada - encaixou por esta via três dos seis que concedeu na I Liga.

Sem “queimar” o ponta-de-lança numa pressão inútil e solitária, como muitas equipas fazem frente aos “grandes”, o Santa Clara optou por um bloco muito denso, mas não necessariamente baixo – ou nem sempre, pelo menos. E também isso limitou o jogo associativo do FC Porto, incapaz de criar por dentro, mas também pouco competente a fazê-lo por fora – Manafá e Nanu foram irrelevantes e Pepê e Corona afunilaram o jogo.

Com este contexto, houve um jogo globalmente entediante, na primeira parte, jogado praticamente “sem balizas” – os remates que existiram foram quase todos de fraca qualidade.

Só a partir da meia hora começou a haver mais jogo portista, quando Fábio Vieira, até então escondido na teia açoriana, começou a pedir mais bola entre linhas. Ganhou um par de faltas e criou uma ou outra jogada de envolvimento, mas, ainda assim, de forma tímida. E o melhor que o FC Porto fez foi um remate do jovem médio, aos 37’, num livre directo.

Se dúvidas existissem sobre a total incapacidade do FC Porto na primeira parte, Sérgio Conceição tratou de as dissipar: lançou Luis Díaz, Sérgio Oliveira e Otávio ao intervalo, fazendo sair Corona, Bruno Costa e Pepê, todos eles muito infelizes nos Açores.

Aos 52’ veio a primeira pincelada de arte. O FC Porto fez uma jogada tremenda quase sempre ao primeiro toque, com vários jogadores envolvidos, num lance que terminou com finalização infeliz de Luis Díaz, em boa posição. Pouco depois, Toni Martínez também vacilou em boa posição, numa fase em que o Santa Clara já não resistia à tentação de baixar o bloco e jogar em 30 metros de terreno.

Aos 65’, Taremi entrou em campo para ver de perto o avolumar da montanha que havia por escalar. O Santa Clara subiu as linhas de pressão de forma repentina, forçou o erro do FC Porto na construção e acabou por permitir a Ricardinho, em zona frontal, ganhar no duelo com Marcano e bater Marchesín.

Num ápice, um Santa Clara remetido à defesa e aparentemente perto de sofrer um golo acabou por construir um 2-0 bastante mais confortável. O golo tornou o jogo menos rico, com os açorianos remetidos à defesa e um ataque portista revestido de total anarquia e bolas longas para os pontas-de-lança.

Aos 83’, quando menos se esperava que tal acontecesse, o FC Porto abdicou do jogo directo e conseguiu descobrir Evanilson entre linhas. João Afonso esqueceu-se de que o adversário já tinha dois avançados, deixando-os à responsabilidade do solitário Chindris. Quando “acordou”, já Evanilson estava pronto para receber, rodar e fazer um remate que acabou por sobrar para a finalização de Taremi.

Já perto do final, o balanceamento ofensivo do FC Porto, misturado com passividade dos defesas, permitiu a Nené fechar o 3-1. E a Taça da Liga vai mesmo ficar longe do Dragão mais algum tempo.

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