Cartas ao director

A defesa de Salgado

O mínimo que se pode dizer da argumentação da defesa de Ricardo Salgado é que é obscena. Vir pedir “respeito” e “preservar a dignidade” é de tal maneira escandalosa que provoca revolta. Infelizmente sei bem quais as consequências dessa terrível doença, mas também sei que é progressiva e por isso não é um dia para o outro que as coisas se tornam muito complicadas. Pedir respeito e dignidade por alguém a quem foi isso mesmo que faltou, tendo criado não só problemas pessoais mas principalmente financeiros a um grande número de pessoas que ficaram sem as suas poupanças de uma vida inteira de trabalho,  bem como o que causou ao país, obrigando a gastar dinheiro com esta situação em vez de investimento na saúde, educação e justiça. 

António Barbosa, Porto 

A doença do ex-presidente do BES

Francamente, já não há paciência para os escandalosos casos da justiça que dia após dia nos entristecem e nos sugam. A Justiça, base de uma sociedade justa e honesta, ela própria, através de alguns dos seus representantes, tem-se portado de uma forma pouco digna, assistindo-se diariamente a factos inconcebíveis, muitas vezes em prejuízo de todos os que ingenuamente, são sérios. A desfaçatez e falta de vergonha com que alguns aparecem sorridentes na TV, “debitando” declarações no mínimo caricatas, mas que fazem o seu efeito. Agora aparece um dos maiores acusados do desvio de milhões de euros, e uma vez que a “muleta” do vírus está a perder força, alguém descobriu que sofre de Alzheimer.

Carlos Leal, Lisboa

O que queremos da UE

É de Bruxelas que vêm os estímulos para os países da periferia e vice-versa mas não queremos que seja só para os produtos que interessam ao centro europeu. Queremos que a UE promova o desenvolvimento autónomo do nosso país, sem ficarmos dependentes dela. Em vez de promover somente a vinha, o olival e a pecuária, queremos que os produtos aqui extraídos – como as rochas – sejam em Portugal transformados em vez de exportados em bruto. Queremos que promova as pequenas explorações agrícolas, como as hortas, agora abandonadas, e em vez do arame farpado promova as searas de trigo, cevada e centeio, o milho, o tomate, o arroz e as pescas. Quem não se lembra do Alentejo como o celeiro de Portugal? A UE promoveu as grandes produções agrícolas intensivas, ficando tudo o resto ao abandono - porque era isso que lhe interessava – lançando na miséria os pequenos e médios agricultores, pagando através de subsídios para não se produzir. Queremos um desenvolvimento global e autónomo.
José Oliveira Mendes, Portalegre

Previsões económicas

As previsões económicas do governo para 2022 apontam para um crescimento na ordem dos 5,5%, numa perspectiva demasiado optimista, mas que poderá ter o efeito enganador se pensarmos que os números são voláteis, e no que diz respeito a determinados sectores da actividade económica, pelo que fazerem-se previsões com base no presente pode servir para passar um discurso enganador para o futuro.

Os responsáveis governamentais argumentam que os aumentos salariais na função pública para 2022 têm um custo de 225 milhões de euros, mas esquecem-se que aqueles que contribuem para o crescimento económico têm famílias e têm de suportar o aumento do custo de vida, e que, por isso, além da sua contribuição para a economia, os aumentos salariais condignos são uma forte motivação para os que produzem.

Fazer política económica, implica ter uma ideia de despesa e de receita como forma de se encontrar um ponto de equilíbrio, sendo prematuro falar-se em valores face aos imprevistos, pelo que seria mais prudente não se avançar com números, a não ser que o chefe do governo esteja a contar com os apoios financeiros vindos do exterior para mascarar os números da economia, o que é uma forma pouco séria de fazer política.

Américo Lourenço, Sines

Último artigo de Paulo Rangel

Gostava de ler os artigos de Paulo Rangel, embora nem sempre concordando com o seu conteúdo. Compreendo e acho dignos os motivos porque não continua a escrever neste meio de comunicação. Tem a minha admiração por isso e por ter expresso pública e claramente que com o Chega não há diálogo. É chegado o tempo de clarificação, embora quem não o aprecie vá insinuar e tentar passar a sua colagem a Passos Coelho. É o costume quando se pretende desvalorizar alguém.

Maria Silva, Lisboa

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