Vice-presidente do CDS, Pedro Melo, diz que Nuno Melo voltou “a denegrir” direcção do partido

A candidatura de Nuno Melo à liderança do CDS-PP acusou os opositores de não facultarem os cadernos eleitorais nem possibilitarem a fiscalização da eleição de delegados ao congresso, apontando também a substituição de senadores sem aviso

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Nuno Melo apresentou este mês a sua candidatura à liderança do CDS Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente do CDS-PP Pedro Melo considerou que Nuno Melo voltou “a denegrir” da direcção do partido, afirmando que “não teve o cuidado” de ler os estatutos e que as suas declarações “menosprezam os novos senadores”.

O dr. Nuno Melo decidiu hoje [quarta-feira], pela enésima vez desde que se anunciou candidato, voltar a denegrir a direcção do CDS, desta feita a propósito da eleição de novos membros para o senado do partido”, atirou Pedro Melo.

Em comunicado, o vice-presidente explicou que “não há qualquer surpresa ou procedimento atípico” e que a direcção se limitou a fazer o que as anteriores fizeram, lamentando ser “inaceitável a instrumentalização das personalidades em causa para fins tão indignos”.

A candidatura de Nuno Melo à liderança do CDS-PP acusou os opositores de não facultarem os cadernos eleitorais nem possibilitarem a fiscalização da eleição de delegados ao congresso, apontando também a substituição de senadores sem aviso.

“Lamentavelmente, não teve o cuidado – que lhe era exigível em face das funções que desempenha há muitos anos no partido – de ler os estatutos e pensar um pouco no que queria dizer antes de lançar infâmias que só o desqualificam e prejudicam o clima de serenidade por que se deve pautar a vida do CDS-PP”, acusou.

Pedro Melo lembrou que, de acordo com os estatutos do partido, o mandato dos anteriores membros do senado centrista, nomeados pela direcção de Assunção Cristas, terminou no congresso do CDS-PP, em Janeiro de 2020, quando Francisco Rodrigues dos Santos tomou posse com presidente.

“Os senadores que agora foram eleitos para o senado do partido não substituem os anteriores, uma vez que estes já não estavam em funções, mas trata-se de novas eleições da Comissão Política Nacional, depois de ouvidos os órgãos distritais e regionais, conforme determinam os estatutos”, recordou.

O vice-presidente do CDS-PP referiu ainda que é “surpreendente” o “súbito interesse” pelo Senado, uma vez que, nos últimos anos, o órgão do partido foi “votado ao absoluto esquecimento”, reforçando que, na ocasião, não se havia constado que Nuno Melo “alguma vez se tenha incomodado com esta circunstância”.

Também esta quarta-feira o presidente da comissão organizadora do congresso (COC) do CDS-PP considerou “falsas e extemporâneas” as críticas da candidatura de Nuno Melo e salientou que os mandatos dos senadores do partido “têm duração limitada”.

Em comunicado, Francisco Tavares - que é também secretário-geral do CDS-PP - rejeitou as “falsas acusações” dirigidas “pela candidatura de Nuno Melo à direcção” do partido.

Na nota divulgada ao final da tarde, o líder da COC assinalou que “a composição variável do senado do partido é competência da comissão política nacional, pelo que os respectivos mandatos têm duração limitada no tempo”.

“As regras estatutárias de eleição e designação dos membros do Senado não conferem nem autorizam a nenhum deles - por maior que seja a gratidão de que são credores - a expectativa de não serem substituídos”, acrescenta.

Sobre a organização do 29.º Congresso, Francisco Tavares refere que é “a COC - e não a direcção do CDS-PP - quem delibera sobre todas as questões relativas à organização do congresso e a que cabe, em primeira instância, assegurar a legalidade e imparcialidade do processo”.

E refere igualmente que a COC é “uma comissão plural, composta por nove membros representativos das diversas sensibilidades do partido, eleita democraticamente em Conselho Nacional com mais de 80% dos votos”.

Numa nota enviada à agência Lusa, o antigo líder parlamentar do CDS-PP Nuno Magalhães (que assina como membro da candidatura “Tempo de Construir – Nuno Melo") considerou que “existem aspectos relativos à organização e democraticidade” do 29.º Congresso do partido que merecem “repúdio e justificam uma tomada de posição pública”.

Nuno Magalhães apontou que a candidatura de Francisco Rodrigues dos Santos recusou “a consulta dos cadernos eleitorais” e também a “possibilidade de fiscalização” de “vários actos eleitorais”.

De acordo com os estatutos do CDS-PP, integram o senado centrista (órgão de natureza consultiva) os fundadores e antigos presidentes do partido, os antigos presidentes daquele órgão, cinco militantes indicados pela Comissão Executiva, por proposta do presidente, dois militantes indicados pelo Senado, um militante por distrito e dois militantes propostos pelos Açores e Madeira.

O 29.º Congresso do CDS-PP está agendado para 27 e 28 de Novembro e são candidatos à liderança do partido o actual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, e o eurodeputado Nuno Melo.

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