Casos de covid-19 aumentam na Europa à medida que Inverno se aproxima

Portugal entra na lista dos dez países com menor incidência da covid-19 na Europa, ocupando o oitavo lugar, com 85 casos por cem mil habitantes, nos últimos 14 dias. Porém, depois de sete semanas consecutivas em que este indicador vinha a diminuir no país, Portugal registou esta semana um aumento da incidência.

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Reino Unido ultrapassou a barreira dos 50 mil casos diários em três meses HENRY NICHOLLS/Reuters

Numa altura em que o Inverno se aproxima e o convívio em espaços fechados aumenta, após o levantamento das restrições um pouco por todo o mundo, os casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 têm vindo a subir em muitos países da Europa, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mike Ryan, director do Programa de Emergências em Saúde da OMS, explicou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que “a maior parte das restrições já não estão em vigor em muitos países”, um facto que “coincide com o período de Inverno em que as pessoas estão a optar por espaços fechados à medida que surgem as ondas de frio”.

“A questão continua a ser se teremos ou não a mesma experiência do ano passado com os sistemas de saúde a ficarem novamente sob pressão”, acrescentou.

A Sérvia é actualmente o país europeu com uma incidência da covid-19 mais elevada, contabilizando 1268 casos por cem mil habitantes nos últimos 14 dias, de acordo com os dados mais recentes, divulgados esta quinta-feira, 21 de Outubro, pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês). Seguem-se a Letónia (1257 casos por 100 mil habitantes), a Lituânia (1163), a Geórgia (1158) e a Ilha de Man (1116).

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Em contrapartida, os países e territórios da Europa com menor incidência são o Vaticano (zero casos por cem mil habitantes, nos últimos 14 dias), o Kosovo (19), Malta (48), Espanha (50) e Itália (60).

No período de uma semana, desde a actualização anterior do ECDC (na passada quinta-feira) até então, cinco dos dez países acima mencionados (Sérvia, Kosovo, Malta, Espanha e Itália) diminuíram a sua incidência, com os casos a aumentarem na Letónia, Lituânia, Geórgia e Ilha de Man. O Vaticano manteve-se com a incidência inalterada.

Portugal entra na lista dos dez países com menor incidência da covid-19 na Europa, ocupando o oitavo lugar, com 85 casos por cem mil habitantes, nos últimos 14 dias. Porém, depois de sete semanas consecutivas em que este indicador vinha a diminuir no país, Portugal registou esta semana um aumento da incidência. Segundo os dados do ECDC, na semana passada Portugal contabilizava 82 casos por 100 mil habitantes.

O mapa a cores divulgado pelo ECDC sobre a incidência da covid-19 na União Europeia mostra que Portugal encontra-se num nível de laranja claro, que corresponde a uma taxa de incidência entre os 60 e os 119,9 casos por 100 mil habitantes. Por sua vez, as regiões do Alentejo e do Algarve são representadas a laranja escuro, o que significa que apresentam taxas de incidência superiores ao resto do país.

Numa nota que acompanha o mapa, o ECDC esclarece que esta representação a cores tem por base “dados registados uma vez por semana” e foi elaborada a 20 de Outubro.

Relativamente ao número de mortes, a Roménia é o país do continente europeu com mais óbitos por covid-19 por milhão de habitantes (226), seguindo-se a Bulgária (178) e a Bósnia-Herzegovina (145) — este indicador aumentou nos três países na última semana. Portugal também registou um ligeiro aumento do número de mortes por milhão de habitantes, tendo passado de 9,03 para 9,7.

Países mostram-se preocupados

O alerta da OMS surge numa altura em que vários países europeus se mostram preocupados com o aumento de casos, alguns dos quais chegaram já a tomar medidas.

A Rússia registou, esta quinta-feira, 1036 mortes por covid-19 e 36.339 novos casos — dois máximos diários desde o início da pandemia. Depois de Vladimir Putin ter anunciado que vai dar uma semana de férias pagas à população, de 30 de Outubro a 7 de Novembro, para travar o avanço da pandemia de covid-19, Moscovo revelou que vai reintroduzir medidas de confinamento, com o encerramento de todas as lojas e estabelecimentos à excepção dos supermercados e farmácias.

O Reino Unido ultrapassou também esta quinta-feira a barreira dos 50 mil novos casos pela primeira vez em três meses, tendo registado 52.009 infecções e 115 mortes causadas pela doença nas últimas 24 horas. Face a pressões crescentes por parte do Governo e vários sectores para introduzir um “plano B” de regresso a algumas restrições, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apelou aos cidadãos que tomem a dose de reforço da vacina contra a covid-19.

O Governo da Irlanda confirmou, esta terça-feira, que vai travar o desconfinamento no país devido ao aumento dos casos de covid-19. Segundo o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, ainda não se pode declarar o fim da pandemia, face a uma “vaga da variante Delta”.

Já a Letónia — que faz parte dos países europeus com maior incidência já enumerados — inicia, esta quinta-feira, um confinamento de quase um mês, que incluirá recolher obrigatório devido ao agravamento da pandemia no país, que tem das taxas de vacinação mais baixas da União Europeia.

Ao mesmo tempo, a Polónia — onde os casos diários atingiram o seu máximo desde Maio — vende doses excedentes da vacina contra a covid-19 e os hospitais na Bulgária e na Roménia encontram-se sob pressão perante o ressurgimento das infecções. Segundo a agência Reuters, centenas de pessoas manifestaram-se em Sófia, capital da Bulgária, e noutras cidades contra os certificados de vacinação obrigatórios que entraram em vigor esta quinta-feira, limitando o acesso a muitos espaços públicos interiores.

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