João Oliveira: “Houve consideração do Governo de questões que tínhamos colocado”

O líder parlamentar do PCP admitiu que as resistências continuam e disse que o PCP não está a fazer bluff nem a dizer que já tomou a decisão. “Não estamos a trabalhar para haver ou não haver eleições”, afirmou ainda.

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Comunistas não estão a trabalhar para as eleições Daniel Rocha

“Houve consideração do Governo de questões que tínhamos colocado, embora haja resistência ainda”, revelou nesta quarta-feira o líder da bancada comunista, João Oliveira, referindo-se à mais recente ronda de negociações, nesta terça-feira, entre o PCP e o executivo liderado por António Costa.

“Tivemos oportunidade de abordar de forma mais alargada algumas questões levantadas pelo PCP”, disse o líder parlamentar. “Não há critérios diferentes do PCP, a abertura é a mesma: a necessidade de encontrar respostas aos problemas do país”, explicitou.

“Nunca tínhamos admitido a possibilidade, nesta fase, de falar de voto contra [o Orçamento do Estado], não usamos as palavras sem as pesar, nem estamos a fazer bluff ou a dizer que já tomámos uma decisão”, explicou João Oliveira em entrevista à Antena 1, referindo-se a anteriores declarações suas.

“Ainda há espaço e tempo, a questão é saber o que o Governo quer. É o Governo que tem a faca e o queijo na mão”, continuou. “Não me quero precipitar, houve hipótese para discutir de forma mais alargada”, continuou. 

João Oliveira referiu o aumento dos salários, as creches gratuitas, a exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, o aumento de pensões acima de 658 euros que devem ter nova avaliação, a caducidade da contratação colectiva e a habitação como os pontos em cima da mesa. Estas duas últimas, insistiu, não têm implicações orçamentais, porque a contratação colectiva se destina ao sector privado e a habitação implica uma alteração da legislação do rendimento urbano.

“Não estamos a trabalhar para haver ou não haver eleições”, garantiu o líder da bancada do PCP. Em sequência, criticou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por ter admitido a dissolução do Parlamento caso o Orçamento não passasse. “É uma afirmação precipitada, que retira a questão do foco, é uma contradição que deve ser o Presidente da República a explicar, é muito perigoso”, considerou. Do mesmo modo, verberou declarações de ministros no mesmo sentido. “As eleições não resolvem os problemas do país”, destacou.

“Não há tumulto social e desastre económico porque em 2021 o PCP levou propostas que foram integradas no Orçamento, recordou. Contudo, João Oliveira lembrou que, então, até ao último momento, houve resistências. Por fim, assinalou que até 27 de Outubro, data da votação na generalidade, tem de haver clarificação por parte do Governo.

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